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Ilustrada - em cima da hora

SPFW revela diferentes estilos de riqueza

Paula Raia aposta no sexy discreto, Iódice, no ostensivo, e Ronaldo Fraga, no folclórico

VIVIAN WHITEMAN
PEDRO DINIZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em tempos de definição de estilos e nichos da moda brasileira, é interessante observar como as plateias dos desfiles da São Paulo Fashion Week ajudam a traçar mapas da cliente ideal de cada grife.

Na apresentação de Paula Raia, ontem, no Itaim Bibi, cookies embalados em papel especial esperavam as moças de fino trato que consomem suas roupas. Gatas de pele e cabelo impecáveis e famílias com nomes chamativos, tipo Bordon e Andraus-Miranda.

A melhor garota-propaganda da grife é a própria Paula, jovem, bonita, bem-sucedida e casada com Fernando Altério, CEO da promotora de eventos Time For Fun. Exemplo do "estilo de vida" mais cobiçado, ela é adorada pelas clientes bem-nascidas.

Há regras estéticas claras. Tudo limpo, elegante na medida, meio neutro, meio bege -"low profile" é a palavra de ordem. Os "looks" são bem-acabados e feitos de tecidos luxuosos, e as silhuetas recuperam o melhor do repertório sexy "quase sem querer" da Raia de Goeye, antiga marca da estilista.

Seda e tule levíssimos, vestidos longos de quase-santa, microcomprimentos com tops fechadinhos, de quase-certinha. Penteados escovados do tipo quase-alisei.

A "mulher Paula Raia" é adepta do famoso estilo pianinho, como bossa-nova versão "lounge". Ela gosta de ter algo de delicado, é adepta de uma existência que grita "sou discreta". É moderna, curte a natureza, compra arte urbana. Não ostenta, mas seus pares sabem: ela é rica, só que não precisa nem quer mostrar -porque, enfim, ela é "low profile".

SOU RICA MESMO

Adriane Galisteu, nora do estilista Waldemar Iódice, dono da Iódice, acompanha o desfile da grife de jaqueta de couro e óculos grandes. Pisa firme e chama a atenção. Outras apresentadoras de TV, Chris Flores (da Record) e Rosana Jatobá (ex-Globo), estão na plateia, com "looks" igualmente dramáticos.

A coleção da Iódice também "chega chegando", à sua própria maneira. Toda estampada, vestido combinando com sapato, com óculos, com tudo. Tem corrente, tem flores gigantes, tem cores fortes.

A imagem que fica é a da top (e, sim, apresentadora de TV) Fernanda Motta marchando ao fim do desfile num vestidinho preto de babados e correntes.

A cliente Iódice talvez seja menos rica que a de Paula. Talvez mais. A diferença é que ela adora parecer rica. E poderosa. E sexy. E importante.

RICA DE RAIZ

Mas há ainda um outro "tipo de rica", essa entidade compradora de roupas que todos os designers querem conquistar. A plateia de Ronaldo Fraga, o grão-mestre do artesanal e dos trabalhos fashion-sociais, abriga uma outra figura de elite: a burguesa folclórica.

A rica de raiz aplaudiu de pé os vestidos feitos de madeira, as biojoias (feitas com artesãs de Tucumã, na Amazônia paraense) e os "looks" estampados com pássaros e plantas brasileiros.

Essa cliente curte tecnobrega e música regional, conhece os recantos profundos do Brasil e abraça todo o balaio das tradições populares.

E, tanto quanto as "low profile" e as poderosas peruas, desembolsa uma nota para sustentar esse "lifestyle" tropical-engajado.

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