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Era uma prática comum, diz ex-diretora

Executiva demitida por empresa do grupo Brookfield afirma que denunciou esquema de corrupção internamente

Daniela Gonzalez diz que alertou chefes, mas passou a ser perseguida e acusada de desviar dinheiro da companhia

DE SÃO PAULO

O pagamento de propina para liberação de obras é uma prática comum, afirma Daniela Gonzalez, 40, diretora da BGE (Brookfield Gestão de Empreendimentos) de junho de 2008 a abril de 2010.

Ela afirma que soube do esquema desde que entrou na empresa, após fazer carreira no setor farmacêutico.

Daniela foi demitida após, na versão dela, ter se recusado a realizar os pagamentos de propina e denunciar o caso à cúpula da empresa.

Ela foi à Justiça do Trabalho contra a BGE cobrando bônus não pagos e ressarcimento por danos morais.

Há um inquérito em andamento contra ela na Polícia Civil, representado pela empresa, para apurar suposto desvio de dinheiro.

O marido de Daniela tem uma empresa de informática, que, segundo a acusação, foi contratada por ela e recebeu por serviços não realizados.

Daniela afirma que resolveu denunciar o caso após o "TV Folha" revelar, em 13 de maio, que Hussain Aref Saab adquiriu 106 imóveis nos sete anos em que chefiou o setor de aprovação de prédios da prefeitura.

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Folha - Quando soube de pagamento de propina?
Daniela Gonzalez - Foi em outubro de 2008. Eu tinha acabado de assumir como diretora-financeira de obras. Me pediram para fazer o pagamento para liberação de obras no shopping Raposo. Disseram que tinha R$ 1 milhão reservado para pagamentos de propina.

Você comunicou a alguém da empresa?
Em julho de 2009, depois de outros casos que soube, juntei uma documentação e comuniquei a Manuel Bayard [presidente do fundo de investimentos em shoppings].
Ele disse que era um absurdo, que isso não deveria ser prática da Brookfield e falou que iria tomar providências.
Levou o caso para o presidente da Brookfield Brasil, Luiz Simões Lopes (conhecido como Doca), e a resposta que me deu foi que era assim que se fazia negócios no Brasil. A partir disso, eu passei a ser a inimiga número um da empresa.

Você acha que sua demissão está ligada a isso?
Totalmente. Depois disso, pediram minha demissão. Disseram que não dava para trabalhar comigo porque eu não entendia como eram feitos os negócios no Brasil.

Eram comuns os pagamentos de propina?
Era muito comum. Acho que é uma doença social que existe na empresa. Eles tratam isso como coisa banal, assunto do dia a dia.
Houve pagamento de propina para Aurélio Miguel (PR) e para o Aref (Hussain Saab).

Você está em litígio com a empresa. O que pede na ação?
Depois que saí, fui perseguida e entrei com ação pedindo danos morais e bônus que não foram pagos (R$ 3,5 milhões). Depois que entrei com a ação, em julho de 2011, um ano e meio depois que eu saí, eles prestaram queixa contra mim dizendo que eu tinha praticado atos criminosos. Que favorecia pessoas conhecidas, que paguei por serviço não realizado e desviei dinheiro da empresa. Tudo um grande absurdo.

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