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Rio+20

Dinheiro trava a última rodada de negociações

Debates deveriam terminar hoje, mas devem ir até a chegada de líderes

EUA não aceitam contribuir compulsoriamente para fundo destinado a 'limpar economia'

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

Bloqueado por focos de divergências, incluindo quem financiará a transição para um modelo de desenvolvimento que preserve o ambiente, o texto final da Rio+20 não ficará pronto hoje, prazo previsto inicialmente.

A tensão cresceu ontem. Foram suspensas as negociações sobre financiamento e conceito de economia verde.

Os EUA, apoiados por União Europeia e Canadá, disseram não aceitar dar contribuições obrigatórias ao fundo de US$ 30 bilhões anuais proposto pelo G-77 (mais de 130 países em desenvolvimento).

A delegação americana, segundo pessoas presentes à negociação, não aceitou o uso da palavra "fundo" nem referência a valor. Sugeriu menção a uma "mobilização de recursos". Deu duas horas para que o G-77 aceitasse essa redação ou apresentasse contraproposta.

RETALIAÇÃO

Em retaliação, o G-77 se retirou da sala em que era negociada a transição à "economia verde", conceito visto por alguns países em desenvolvimento como justificativa para "ecoprotecionismo".

O G-77 faz questão de que o capítulo de economia verde cite "o padrão insustentável de produção e consumo" dos desenvolvidos -americanos e europeus rejeitam.

Embora as negociações tenham sido retomadas à noite, ninguém acredita que elas sejam concluídas hoje.

Devem se estender pelo fim de semana e talvez até à cúpula dos líderes, que começa na quarta. Nesse caso, caberá ao Brasil assumir a coordenação das negociações.

"Trabalhamos com a hipótese de que as negociações se encerrem amanhã [hoje]. Caso não ocorra, o Brasil buscará convergência entre as posições, mas sempre nos termos mais ambiciosos possíveis", disse o chefe da delegação, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado. Para ele, a crise não justifica que países ricos deixem de pensar no longo prazo.

"Não há dúvida de que há uma retração forte de países antes doadores. Eles se veem com dificuldades até internas de justificar uma postura mais solidária e o cumprimento de compromissos assumidos. Mas não podemos ficar reféns da retração gerada por uma crise que em dois anos pode ter terminado."

Figueiredo negou boatos de que o Brasil tenha um documento alternativo na manga: "O texto é o da negociação. O Brasil terá, quando necessário resolver pontos específicos, sugestões que serão dadas aos negociadores".

Tanto o brasileiro como Nikhil Chandavarkar, porta-voz do secretário-geral da Rio+20, o chinês Sha Zukang, sublinharam que o tema em que um acordo se mostrava mais difícil é o dos chamados "meios de implementação", que, além do financiamento, inclui a transferência de tecnologias "limpas".

Só 25% do texto é consensual. Um acordo sobre um dos quatro pontos de divergência (veja quadro acima)pode desbloquear a redação de todos os parágrafos de um capítulo - o documento é dividido em cinco. Para Figueiredo, o ponto mais próximo de acordo diz respeito ao fortalecimento do Pnuma.

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