Correio quer suspender entrega de passaporte pelo consulado dos EUA

A espera por um visto no consulado americano em São Paulo -que já chega a 40 dias- deve piorar nas próximas semanas.

Os Correios vão notificar o consulado dos Estados Unidos para que o envio de passaportes por meio da empresa terceirizada DHL pare.

A estatal diz que a atividade é ilegal, pois ela detém o monopólio postal no país.

A DHL foi contratada após a mudança do sistema, em abril. Antes, os Correios eram responsáveis pelo serviço.

O novo sistema do consulado prometia ser mais ágil e moderno, principalmente na parte de envio do passaporte, já que forneceria um número de rastreamento pelo qual o solicitante poderia acompanhar o processo.

Hoje, há casos em que pessoas receberam o número para rastrear a entrega do passaporte depois de o documento já ter sido entregue.

A Folha teve acesso a um passaporte cuja a impressão do visto foi em 1º de junho -11 dias úteis após a entrevista. O documento chegou à DHL no dia 8, mas apenas no dia 13 o sistema do consulado mostrou que ele estava disponível na agência.

A situação pode piorar. Os Correios pretendem estipular um prazo para o consulado deixar de usar a DHL. Caso isso não seja cumprido, a estatal ameaça entrar com uma ação na Justiça.

A DHL foi escolhida pela empresa CSC, contratada pelo consulado para coordenar a implantação do sistema de entrega de passaportes.

DEMORA

Entre os solicitantes de vistos, há quem afirme esperar desde o final de abril pelo passaporte e ainda não ter conseguido informação.

"Dizem que o único jeito para eu saber sobre o passaporte é se eu mandar um e-mail, mas ninguém responde. Tenho viagem em duas semanas", diz o analista de sistemas Jenner Borges, 41, que fez entrevista em 30 de abril.

Em uma agência da DHL, na rua Bela Cintra, zona oeste de São Paulo, funcionários fizeram um controle paralelo ao sistema do consulado para poder dar informações às pessoas que ainda não haviam recebido o passaporte.

Ontem, centenas de passaportes estavam na agência, largados em caixas de papelão ou de plástico, em pouca segurança.

O consulado admite que a devolução tem demorado em alguns casos, mas não explica o motivo.