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PF prende 22 alunos após protesto em campus da Unifesp

Estudantes foram indiciados sob acusação de formação de quadrilha; à noite, após decisão da Justiça, eles foram soltos

Jovens dizem ter sido agredidos sem motivo pela PM, que alega ter sido chamada por docentes encurralados

Zé Carlos Barretta/Folhapress
Grupo faz protesto em frente à sede da Polícia Federal, em SP, onde alunos da Unifesp estavam presos após ato em campus
Grupo faz protesto em frente à sede da Polícia Federal, em SP, onde alunos da Unifesp estavam presos após ato em campus

DE SÃO PAULO

A Polícia Federal prendeu ontem 22 estudantes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), após protesto e tumulto com policiais militares no campus Guarulhos (Grande SP) na noite anterior.

Eles foram indiciados sob acusação de formação de quadrilha, dano ao patrimônio público e constrangimento ilegal -as penas somam oito anos.

Inicialmente, a PF informou que eles ficariam presos na carceragem do órgão em São Paulo. Mas, à noite, a Justiça lhes concedeu liberdade, por entender que eles não trazem risco à sociedade -os alunos foram soltos pouco antes da 0h. A PF não divulgou seus nomes.

Estudantes disseram, segundo seus advogados, que foram agredidos no campus sem motivo, com balas de borracha e bombas, pela PM, chamada por funcionários da Unifesp. E que há exagero no enquadramento dos supostos crimes.

Os alunos estão em greve por melhores condições na unidade, que usa prédios emprestados da Prefeitura de Guarulhos. No dia 6, a polícia retirou pacificamente um grupo que invadira o campus e não ofereceu resistência. Dos presos ontem, 14 haviam participado da invasão anterior e sido detidos, disse a PF.

As federais têm sido um dos problemas para o governo Dilma na educação -há greve de professores há um mês.

A PM disse que, anteontem à noite, foi chamada por professores "encurralados" pelos manifestantes. Segundo a polícia e a Unifesp, o grupo quebrava vidros, computadores e ameaçava nova invasão.

Em nota, a PM afirmou que foi recebida com pedras e pedaços de madeira. Disse que, "para garantir a segurança dos professores foi necessário o uso de granadas de efeito moral e de balas de borracha".

Os alunos foram então encaminhados para a PF.

Os estudantes negaram que tenham invadido a direção. Afirmaram que apenas entraram por poucos minutos numa antessala do prédio e saíram, sem quebrar nada. Para se defender, publicaram vídeo que mostra cerca de 20 alunos fora do prédio, gritando palavras de ordem contra os policiais. Um PM agarra uma jovem e a leva. Os manifestantes correm; os PMs atiram.

Já a PM divulgou áudio do chamado ao 190, em que professores pedem ajuda. E a PF mostrou fotos que mostram depredações no prédio.

Para o ex-juiz Luiz Flávio Gomes, elencar entre os supostos crimes a formação de quadrilha "não tem cabimento". Isso só poderia ocorrer, diz, se os alunos se reunissem constantemente para praticar crimes.

Sem esse enquadramento, afirmou, a soma das eventuais penas cairiam, e os alunos teriam direito a fiança, sem precisar da decisão judicial.

Em desocupação de prédio da USP invadido por alunos, neste ano não foi citada formação de quadrilha. Na época, a desocupação pela PM foi critica pela oposição ao governo estadual.

"Será que Alckmin vai dar, no caso do presidente do metrô, a mesma aula de democracia que prescreveu aos alunos que ocuparam a reitoria da USP?", disse Enio Tatto, líder do PT na Assembleia, sobre decisão judicial que afastou o presidente da estatal.

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