Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Maioria dos arrastões em restaurantes é após as 22h

Levantamento da Folha mostra que 18 de 22 roubos foram depois desse horário

Para polícia, quanto mais tarde, mais fácil é a fuga; metade dos crimes aconteceram às terças e quartas-feiras

Fabio Braga/Folhapress
Carro da polícia faz ronda próximo a umbar na zona oeste, uma das regiões em que houve arrastões em SP
Carro da polícia faz ronda próximo a umbar na zona oeste, uma das regiões em que houve arrastões em SP

GIBA BERGAMIM JR.
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Às 22h, a comerciante italiana Rina De Rossi, 78, se despedia de clientes na porta de seu restaurante quando os seis ladrões chegaram. Foi obrigada a entrar enquanto o bando já rendia o marido, Nello, 90 -que, em 1974, fundou a cantina com seu nome-, e a filha Patricia, 52.

Foram quase quatro minutos para que o grupo formado por adolescentes -um deles conhecido no meio policial como "Demônio"- tomasse pertences dos clientes, dinheiro do caixa e fugisse com as bolsas roubadas.

Assim como o Nello's, outros 17 de 22 restaurantes que foram vítimas de arrastões na cidade -até o início da noite de anteontem- foram atacados entre as 22h e 1h, quando os estabelecimentos estão perto do fechamento.

O número foi obtido pela Folha em levantamento nos boletins de ocorrência, a maioria deles registrados nas regiões oeste e central.

A pesquisa mostra também que os dias preferidos dos ladrões são terça e quarta-feira - dez casos acontecerem nesses dias da semana. Apenas dois aconteceram no domingo e nenhum aos sábados.

A sequência de crimes fez os paulistanos adotarem medidas de "redução de danos", como sair de casa sem dinheiro e também sem o telefone celular (leia nesta página).

Os horários escolhidos não são aleatórios. Segundo a polícia, os criminosos sabem que os caixas movimentam pouco dinheiro, já que a maioria dos pagamentos são feitos com cartões. Por isso, quanto mais tarde maior é a possibilidade de encontrar dinheiro em espécie.

Os bandos também avaliam rotas para fugir. Quanto menos movimento nas ruas, melhor. "São jovens que perceberam que lucram mais roubando em local fechado, cheio de gente, do que na rua", diz o delegado Paul Henry Verduraz.

JOVENS

Desde fevereiro, quando reiniciou a onda de arrastões que assustou São Paulo em 2011, 24 pessoas - 13 adolescentes - foram detidas.

A polícia diz que a participação desses jovens comprova que não há a presença de crime organizado nas ações em restaurantes e bares.

Na semana passada, após deter dois suspeitos, a polícia descobriu que o bando deles era tão amador que começou assaltando com armas de brinquedo. Só depois compraram armas de verdade e passaram a usá-las. Desse grupo, ainda há 13 criminosos que continuam foragidos.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.