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Haitiano está perto de voltar para a mãe

Há dois anos sozinho em um abrigo em SP, menino receberá passaporte do Haiti e poderá enfim rever a família

Sem o documento, ele não pode deixar o Brasil; garoto foi abandonado por coiotes em estação do metrô

RENATO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PORTO PRÍNCIPE

Após mais de dois anos de impasse, está chegando ao fim o drama do menino haitiano encontrado na estação Corinthians-Itaquera do Metrô em dezembro de 2009.

O governo do Haiti decidiu enfim conceder um passaporte para o adolescente, hoje com 13 anos, que assim poderá deixar o abrigo onde vive em São Paulo e se reunir a sua família na Guiana Francesa.

Segundo o governo do presidente Michel Martelly, o documento já está pronto e que será entregue nos próximos dias à embaixada do Brasil.

Com o documento, o juizado da infância em SP poderá pedir o visto para entrada do garoto na Guiana Francesa.

A mãe do adolescente é uma imigrante clandestina que deixou o Haiti para tentar uma vida melhor. Em 2009, ela pagou coiotes para levá-lo à Guiana, onde estava com novo marido e filhos.

Porém, os coiotes exigiram novos pagamentos pelo serviço. Em São Paulo, após nova tentativa de extorsão, a criança foi abandonada no metrô. Ela foi para um abrigo de menores, onde está hoje.

Desde então, apesar de a Justiça brasileira ter determinado que sua guarda fosse repassada à mãe, obstáculos burocráticos impediram o cumprimento -o maior deles foi a falta de passaporte.

DIFICULDADES

O Brasil chegou a dar um passaporte para estrangeiros ao garoto, mas a França se recusou a conceder visto nesse tipo de passaporte provisório, dizendo que não é oficial segundo a União Europeia.

Por outro lado, o Haiti não emitia um passaporte, pois sua família tinha perdido todo o resto da documentação.

"Esperamos que tenhamos conseguido flexibilizar o governo haitiano em relação a esse caso, que tem grande componente humanitário", diz o embaixador do Brasil, José Luiz Machado e Costa.

Segundo a embaixada da França no Brasil, "não haverá qualquer problema para dar um visto para o garoto".

A Folha apurou que um dos fatores que motivaram a concessão do passaporte é a ida do presidente Martelly para o Brasil para a Rio+20, onde temia-se que ele fosse questionado sobre o assunto.

O juiz do caso, Paulo Fadigas, diz que já consultou a Justiça francesa para saber se a reintegração familiar, determinada por ele, será cumprida. Ele autorizará a ida do garoto só se tiver garantia de que ele vai ficar com a mãe.

Colaborou CRISTINA MORENO DE CASTRO

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