Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Mães marcham na Paulista em defesa do parto em casa

Protesto foi feito após polêmica envolvendo obstetra de São Paulo, que defendeu nascimento fora dos hospitais

Médico disse que mulheres saudáveis podem ter filho em casa; conselho do Rio pede que ele seja punido

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

"Doutor, você não me engana, você prefere cesariana" foi um dos gritos da marcha das mães em defesa do parto em casa, que reuniu mulheres -muitas, óbvio, grávidas-, homens, crianças e bebês na tarde de ontem, em São Paulo.

O protesto ocorreu depois da polêmica envolvendo o obstetra Jorge Kuhn, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que defendeu, na TV, a possibilidade de nascimentos em ambientes extra-hospitalares. O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio) solicitou à associação paulista a punição dele.

Manifestantes -segundo a organização, entre 1.500 e 2.000 pessoas participaram da passeata- dizem que, apesar de o país não ter leis que proíbam a prática, existem alguns empecilhos.

O engenheiro Renato Carvalho, 40, que carregava o filho nos braços, relata um exemplo: o cartório exigiu documentos de um hospital para fazer o registro da criança, que havia nascido em casa.

"Foi necessária a intervenção de um outro dono de cartório para provar que [o documento] não era preciso."

Os manifestantes, como ressalta a organizadora Renata Penna, 33, defendem o parto em casa, mas "com assistência, e apenas em casos de gravidez de baixo risco".

Também afirmam que não se trata de uma prática ligada a um estilo de vida alternativo ou "coisa de bicho-grilo", como diz a arquiteta Analy Uriarte, 46, que teve dois filhos em casa e um por cesariana. "Eu gosto de conforto, e parto no hospital não tem nada de moderno."

O grupo, que saiu da Paulista, terminou o protesto em frente ao Conselho Regional de Medicina, na Consolação.

POLÊMICA

Na passeata, havia faixas de apoio a Kuhn, que participou do ato. Em entrevista ao "Fantástico", da Globo, ele disse que o parto não é um procedimento cirúrgico e que mulheres sem problema clínico ou obstétrico e saudáveis podem ter o filho em casa.

Segundo o obstetra Luís Fernando Moraes, conselheiro do Cremerj, a postura do colega foi equivocada e tendenciosa. Para ele, o parto tem riscos e complicações inerentes. "Caso algum problema aconteça, é preciso intervenção imediata para salvar mãe e bebê", disse.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.