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Rio+20

Texto final do Brasil é considerado fraco por UE

Para embaixador brasileiro, redação deve 'equilibrar descontentamentos'

Na avaliação europeia, documento pende para erradicação da pobreza e não contempla o "pilar ambiental"

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO
CLAUDIO ANGELO
ISABEL FLECK
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

As negociações do documento final da Rio+20 se aproximavam do fim na noite de ontem, com uma crise aberta entre Brasil e União Europeia. O bloco considerou o texto apresentado pelo anfitrião desequilibrado, com ênfase na erradicação da pobreza e não no ambiente.

Depois de uma reunião tensa com o chanceler Antônio Patriota, a ministra do Ambiente da Dinamarca, Ida Auken, e o comissário do Ambiente da UE, Janez Potocnik, declararam que estava na hora de a negociação sair das mãos dos diplomatas e ser entregue aos ministros para a resolução dos impasses.

Isso, porém, exigiria mais tempo de conversa, o que o Itamaraty considerava fora de questão: o Brasil queria o documento fechado ainda na madrugada de hoje.

"Isso foi abundantemente informado pelo país anfitrião muitas vezes na primeira plenária [sábado à noite], e é isso que vamos fazer. Vamos fechar e aprovar o documento esta noite", afirmou ontem aos delegados o coordenador brasileiro da Rio +20, Luiz Alberto Figueiredo.

A UE ficou irritada com a retirada, pelo Brasil, dos temas que deveriam ser tratados pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Os europeus exigiam que o documento fizesse menção explícita a pelo menos cinco deles, como degradação de solos, conservação de oceanos e segurança alimentar.

Também irritou a UE o fato de a proposta brasileira excluir a conversão do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) em agência independente.

"Qualquer que seja a substância que acordemos, não podemos deixar de pareá-la com instituições adequadas", disse Potocnik à Folha.

O Brasil se contrapõe às reclamações europeias afirmando que o bloco é inflexível no debate sobre financiamento, recusando-se a contribuir com mais dinheiro.

Sobre o órgão ambiental da ONU, Figueiredo declarou ontem que a redação do documento "dá margem a um processo para levar o Pnuma a outro tipo de patamar".

FRACO

O descontentamento com o rumo da Rio+20 não veio só de dentro das mesas de negociação no Riocentro.

O grupo chamado "The Elders" ("Os Anciãos"), formado em 2007 por iniciativa do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, fez ontem um apelo dramático para que os líderes atuais salvem o documento final da Rio+20.

"Há uma avaliação de que o texto ainda é muito fraco", disse Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda.

Ainda havia vários impasses a contornar minutos antes da plenária final, marcada para começar às 23h.

Um dos impasses mais graves era a questão relativa ao acordo sobre a proteção de áreas marinhas fora de jurisdição nacional.

Uma negociadora sênior da área disse à Folha ontem que não havia mais a menor possibilidade de resolver a questão entre os diplomatas: a resistência dos EUA e do Japão só poderia ser quebrada por meio do envolvimento de esferas decisórias superiores.

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