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Promotoria pede bloqueio de bens de Aref

Além de Hussain Aref Saab, 5 shoppings e um vereador serão investigados em inquéritos sobre pagamento de propinas

Ministério Público inclui empresa e familiares de ex-chefe do Aprov em pedido feito para a Justiça

ROGÉRIO PAGNAN
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

O Ministério Público ingressou ontem com uma ação na Justiça de São Paulo pedindo o bloqueio imediato dos bens do ex-diretor da prefeitura Hussain Aref Saab.

A ação ocorre 37 dias após o "TV Folha" revelar a evolução patrimonial de Aref nos pouco mais de sete anos em que dirigiu o setor de aprovação de prédios de médio e grande porte, o Aprov.

Nesse período, ele adquiriu pelo menos 106 imóveis, estimados em R$ 50 milhões. No total, ele tem 118 imóveis.

A suspeita é que esse patrimônio tenha sido acumulado mediante cobrança de propina, já que a renda mensal declarada dele é de R$ 20 mil.

O pedido de bloqueio dos bens se baseia no crescimento patrimonial e no depoimento de testemunhas que dizem saber que Aref cobrava propina. Ele nega.

As testemunhas afirmaram que ou o ex-diretor "criava dificuldades para vender facilidades" ou recebia suborno para agilizar a aprovação de processos dentro do Aprov.

"A propina, assim, era uma espécie de graxa que fazia as engrenagens da máquina administrativa funcionarem rapidamente", diz trecho da ação da Promotoria.

SHOPPINGS

Entre as testemunhas ouvidas pela Promotoria está a ex-diretora financeira da BGE, Daniela Gonzalez.

Ela afirmou à Folha e repetiu aos promotores que o grupo Brookfield pagou propina para agentes públicos, entre eles Aref, e para o vereador Aurélio Miguel (PR) para a aprovação de alvarás de shoppings irregulares.

No caso do vereador, ainda segundo ela, a propina também possibilitou que os shoppings fossem poupados do relatório final de uma CPI, presidida por Aurélio Miguel. O parlamentar nega tudo.

Outras testemunhas confirmam a versão de Daniela.

Ontem, a Promotoria anunciou que vai investigar os cinco shoppings ligados ao grupo, que nega envolvimento.

O vereador também será investigado em inquérito próprio. O Gaeco (grupo especializado em investigações sobre o crime organizado) vai apurar denúncias de corrupção e o patrimônio de Aurélio Miguel.

FAMÍLIA

Além de bens móveis, imóveis e investimentos do ex-diretor, o pedido de bloqueio estende-se à empresa dele (a SB4), mulher e dois filhos -que são sócios da empresa.

Aref diz ter R$ 1,5 milhão investidos em bancos e quatro veículos (Hilux, Azeera, Fusion e Montana).

A Promotoria pediu ainda o bloqueio das mais de 300 garrafas de vinhos finos encontradas na casa de Aref.

A Justiça não tem prazo para decidir sobre o bloqueio.

Se o juiz concordar, a Promotoria terá 30 dias para mover ação de improbidade, e os bens ficarão bloqueados até o final do processo.

Os promotores pediram o bloqueio até dos aluguéis de imóveis recebidos por Aref.

O ex-diretor deixou o cargo em abril após ser ouvido em investigação da Corregedoria-Geral do Município.

A apuração interna foi aberta por ordem do prefeito Gilberto Kassab (PSD) após receber denúncia anônima dizendo que Aref tinha até uma tabela de preços para a liberação dos alvarás de empreendimentos na cidade.

De acordo com o promotor Silvio Marques, o levantamento de imóveis de Aref ainda não foi concluído, mas deve superar os 118 conhecidos.

Além de Marques, integram o grupo de promotores que cuidam das investigações Yuri Castiglione, Beatriz de Oliveira, Joel Silveira e Arthur Lemos Júnior.

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