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Decisões difíceis são jogadas para depois

Conferência adia definições sobre financiamento e metas para 2014 e 2015

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO
CLAUDIO ANGELO
ISABEL FLECK
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Compromisso político entre 193 países com interesses díspares, o documento final da Rio+20 foi aprovado. Como esperado, "O Futuro que Queremos" avança pouco na agenda do desenvolvimento sustentável e joga para o futuro as decisões difíceis.

Os líderes mundiais reunidos a partir de hoje, premidos pela crise, terão diante deles para adoção um texto genérico, "rico em potencialidades", como definiu a embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Viotti. E duas datas em vista: 2014 e 2015.

Em 2014, termina o prazo para que um comitê a ser formado defina mecanismos para financiar a transição até a economia verde inclusiva, tema central da conferência.

Em queda de braço com o G-77 (países em desenvolvimento), os ricos encontraram na crise justificativa para não se comprometerem já com dinheiro "novo e adicional".

Em 2015, deverão ser implementados os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, principal inovação da Rio +20. Trata-se de um conjunto de metas incorporando critérios socioambientais. A proposta das metas será feita em 2013, após sua definição por um comitê técnico. Os temas, não foram definidos.

Isso representou uma derrota para a União Europeia, O bloco não emplacou um "roteiro" da economia verde, rejeitado por pobres e emergentes.Também não conseguiu elevar o status da agenda ambiental na ONU, transformando o Pnuma em agência autônoma.

A UE, que chegou a criticar o Brasil pelo texto, acabou suavizando sua resistência por causa de uma manobra brasileira. A Folha apurou que o G77 ameaçou deletar o capítulo sobre economia verde.

O Brasil conseguiu manter a essência do tema. "Lutamos o tempo todo e chegamos até onde pudemos", disse Ida Auken, ministra do Meio Ambiente da Dinamarca e negociadora-chefe da UE.

O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, definiu o documento como um "equilíbrio de insatisfações".

O G77 teve menos razões de queixas. Evitou que o ambiente saísse como o pilar privilegiado do desenvolvimento sustentável -o texto dá ênfase ao social. E garantiu a menção às "responsabilidades comuns, mas diferenciadas", princípio no qual ricos arcam com o maior custo da transição à sustentabilidade.

O Itamaraty destacou a "visão de longo prazo" e a viabilidade de haver consenso.

O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que o texto poderá ser alterado pelos chefes de Estado. Ninguém aposta nisso.

"Não acredito que o Brasil pretenda abrir o documento. Haveria grande risco. Muitos países têm descontentamentos com partes do texto", disseTodd Stern, dos EUA.

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