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Rio+20

Centro do Rio é tomado por todo tipo de protesto

Multidão incluía de ambientalistas a sem-teto contra a 'economia verde'

Manifestação gigante foi convocada pela Cúpula dos Povos, grupo de ONGs e movimentos sociais

Marlene Bergamo/Folhapress
Passeata ontem na av. Rio Branco, centro do Rio, com 15 mil pessoas, segundo a polícia
Passeata ontem na av. Rio Branco, centro do Rio, com 15 mil pessoas, segundo a polícia

LAURA CAPRIGLIONE
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
LUCAS VETTORAZZO
DO RIO

Tinha de tudo entre os manifestantes que tomaram ontem à tarde a avenida Rio Branco, no centro do Rio. Segundo a polícia, eram de 15 mil a 20 mil. O comando da Cúpula dos Povos, que convocou o protesto, avaliou a multidão em 50 mil.

Ecologistas, quilombolas, sem-teto, sem-terra, feministas, homossexuais, professores em greve, hare-krishnas, e evangélicos, todos apareceram para protestar contra a "economia verde" e "em defesa dos bens comuns e dos direitos dos povos".

Sem falar uma palavra de português e arranhando um inglês, o religioso franciscano alemão Han Jürgen conseguiu se fazer entender: "Economia verde é o mesmo velho capitalismo, com novo rótulo. E onde há capitalismo há desigualdade social", disse.

"Esta é uma manifestação anticapitalista", resumiu a estudante Shananda Linder, 19, que desfilou na ala das feministas, uma das mais animadas da manifestação. "Ô Vaticano, vai se f..., existe aborto independente (sic) de você", era um dos gritos de guerra da turma.

O governo do PT e a presidente Dilma estiveram todo o tempo em xeque. "O povo tá na rua. Dilma, a culpa é sua", gritavam os militantes na ala do Greenpeace, criticando a atuação do governo na aprovação do novo Código Florestal.

"Dilma fantocheee, Dilma fantocheeee" também se ouvia na ala dos defensores de uma área de mananciais no Maranhão. Shelly de Andrade Moutinho, 38, lavradora, explicava: "É fantoche do agronegócio".

Bonecos-caricaturas de Dilma apareceram nas alas dos professores das universidades federais, em greve há mais de mês por aumento de salários.

DIVERSIDADE

Mas valia reivindicar qualquer coisa. Catadores levaram a faixa "Deus recicla, o diabo incinera". Argentinos protestavam contra uma mineradora. E teve até o engraçadinho fazendo a sugestão radical: "Salve o planeta. Mate-se", lia-se em inglês no cartaz escrito com pincel atômico. Ninguém mexeu com ele.

Em razão da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20 que reúne ONGs e ativistas de todo o mundo, vários estrangeiros participaram da manifestação.

O ativista americano Karli Akuno caminhava no meio da multidão empurrando seu filho em um carrinho de bebê. Vindo do estado da Geórgia, ele aproveitou a manifestação para demonstrar sua insatisfação com relação às discussões oficiais da ONU que ocorrem no Rio Centro. "É um evento demagógico", disse.

Não houve comício no final dos protestos. Não dava para colocar tanta gente, entidades, sindicatos, ONGs e partidos em um só palanque.

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