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Após sequestro, jovem afirma que pretende recomeçar a vida

Ela acusa o padrasto de mantê-la em cárcere privado por 16 anos

MÁRCIO MENASCE
DO RIO

"Tudo o que eu quero é casar com um cara legal e sentir aquele friozinho na barriga de romance que eu nunca senti na minha vida."

É assim que a jovem de 28 anos, que acusa o padrasto -que é também pai de seus três filhos- de tê-la sequestrado aos 11 e mantê-la em cárcere privado por mais de uma década, planeja sua vida daqui para a frente.

Anteontem, a polícia prendeu o motorista Carlos Alberto Santos Gonçalves, 57, em Itaboraí (a 45 km do Rio). Ele foi indiciado sob suspeita de sequestro, cárcere privado, violência doméstica e falsidade ideológica. Ele nega.

A mulher, que não quis se identificar, conta que foi sequestrada em 1995 por Gonçalves, que vivia com a sua mãe em Porto Alegre. Ela diz que o motorista foi buscá-la na escola alegando que a levaria para a casa da avó. Em vez disso, começou uma viagem de carona em caminhões até Niterói, onde ficou por mais de uma década.

No Rio, a jovem disse que era agredida frequentemente e que foi estuprada inúmeras vezes.

O primeiro filho dos dois nasceu no ano seguinte, quando ela tinha 12 anos. Depois, ela teve uma menina aos 17 e outro menino aos 21.

"Ele sempre me batia, me chutava, me queimava com o charuto e me xingava."

Segundo ela, durante boa parte desses 16 anos, Gonçalves trabalhou como caseiro em sítios na região de Niterói e os dois, mais tarde com os filhos, moravam nesses sítios. Como o padrasto não saia do terreno para trabalhar, podia vigiá-la em tempo integral.

Ela diz que há cerca de quatro anos, quando ele passou a trabalhar como motorista, começou a ficar trancada em casa com os filhos.

Em 2009, ela teve permissão para trabalhar como doméstica no condomínio em frente a casa onde moravam e depois numa lanchonete a cerca de 1 km de sua casa.

"Esse foi o grande erro dele, porque eu só precisava juntar um pouquinho de dinheiro para largar ele."

Agora, ela quer que a mãe, que segundo ela nunca a procurou, seja encontrada em Porto Alegre para que saiba a vida de sofrimentos por que passou em Niterói.

"Não sei se ela ainda sente amor de mãe por mim. Sei que eu não sinto nenhum amor por ela como filha."

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