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Não havia clima de medo, diz mulher de PM morto

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

O soldado Osmar Santos Ferreira, 31, beijou os quatro filhos e partiu do Grajaú, extremo sul paulistano, onde morava, em direção ao batalhão onde trabalhava na região do Butantã (oeste).

Percorreu poucas quadras em sua moto até ser atingido por um Honda CRV e cair. O passageiro desceu e atirou várias vezes, acertando a cabeça e a região do tórax, mesmo com o colete à prova de balas sob o moletom.

Ferreira foi o último de cinco policiais militares assassinados nos últimos dez dias.

Até ontem, ele e a mulher, a auxiliar de escritório Renata Viana Ferreira, 29, nem acompanhavam o noticiário sobre os assassinatos. "Eu nem sabia que estavam matando PMs. Não havia clima de medo. Ele estava tranquilo, havia voltado das férias havia 20 dias", disse a viúva.

"Pelo que estão dizendo agora, parece que é a mesma coisa que aconteceu há alguns anos, que são ataques contra policiais", afirmou.

Casada havia dez anos com o soldado, Renata disse que o sonho do marido sempre foi entrar na corporação. Em 2006, ano em que a facção criminosa PCC ordenou ataques contra policiais, ele conseguiu entrar na PM.

Trabalhou em dois batalhões, ambos longe da casa dele, nas regiões oeste e leste da cidade. Criado na zona sul, não quis deixar o bairro onde vivia, perto do violento Jardim Mirna.

"A gente sempre soube que os PMs vivem sob ameaça constante. E PM que mora na periferia é sempre muito visado", declarou Renata.

Segundo amigos, Ferreira usava a moto esporadicamente para ir ao trabalho -muitas vezes ia de carro, o que a família achava mais seguro.

Colegas de batalhão disseram que ele não havia se envolvido em nenhuma ocorrência grave, com troca de tiros, nos últimos dias. "Se tivesse ocorrido algum tipo de ameaça, ele teria avisado a Corregedoria. Isso não aconteceu", disse um soldado. À Folha ele afirmou que o comandante da região cancelou folgas. "Estamos em alerta."

LONGA ESPERA

A falta de um operador de raio-X no IML Sul fez com que Renata aguardasse mais de doze horas até a liberação do corpo de Ferreira -baleado às 5h20, o cadáver só foi liberado às 20h.

O exame foi pedido pelo legista para ser anexado ao laudo sobre a causa da morte. Segundo a família, a informação era de que o único técnico havia ido fazer exames na zona leste. A Secretaria de Segurança Pública informou apenas que o exame seria feito até o fim do dia.

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