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Embaixador se reunirá com Justiça indonésia para saber sobre execução

Governo do país asiático decidiu matar brasileiro condenado por tráfico de drogas, em 2004

Tia chorou ao saber da notícia; delegação da Indonésia na Rio+20 cancelou coletiva prevista para ontem

RICARDO GALLO
EM BRUXELAS

O embaixador do Brasil na Indonésia, Paulo Soares, vai se encontrar na segunda-feira com o procurador-geral de Justiça local para obter mais detalhes sobre a decisão de executar o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 50.

Ele foi condenado à morte em 2004 por tráfico internacional de drogas, ao tentar entrar no país com 13,4 kg de cocaína. Na quarta, o procurador de Justiça de Tangerang anunciou ao "The Jakarta Post" que Archer e mais dois presos serão executados em breve.

O governo brasileiro tem mantido contato com o da Indonésia sobre a situação de Archer. Nenhum detalhe dos contatos foi divulgado.

Ele aguardava um pedido de clemência feito ao presidente Susilo Bambang Yudhoyono. O fato de o procurador se pronunciar sinaliza que Susilo já negou o pedido.

O brasileiro, inclusive, fez um último pedido: uma garrafa de uísque Chivas Regal.

O Itamaraty foi surpreendido. A Folha apurou que até então a informação era que Archer não seria executado, tampouco libertado. O que pode ter alterado esse cenário é a pressão que o presidente indonésio sofre para manter a linha dura no combate ao tráfico.

TESTAMENTO

A família e os amigos do brasileiro ficaram desesperados. O parente mais próximo dele é uma tia que, nos dois últimos dias, buscou informações sobre o caso e planejava viajar para a Indonésia o mais rápido possível.

Ela, que pediu à Folha para não ter o nome publicado, chorou muito ao saber da entrevista do procurador indonésio ao "The Jakarta Post". Por telefone, Archer pediu à tia que preparasse um testamento, o que ela já vinha fazendo.

Além dela, uma amiga de Archer, do Rio, tenta a intervenção de políticos para ajudar a pressionar os governos indonésio e brasileiro. Ela acredita em um erro de interpretação e que a execução não esteja tão perto assim.

A delegação da Indonésia que estava no Rio para a conferência Rio+20 chegou a marcar entrevista coletiva para ontem, mas voltou atrás. A ONU, que disparou o aviso de coletiva, não soube explicar o motivo do cancelamento.

EXECUÇÃO

A última execução na Indonésia, de dois nigerianos -colegas de Archer na prisão-, ocorreu em 2008. Eles foram levados para uma área descampada, vendados e amarrados a cruzes de madeira.

Grupos com 12 soldados armados com fuzis se postaram e atiraram simultaneamente para os soldados não saberem quem atirou; só dois fuzis ficam carregados.

Se algum prisioneiro sobrevivesse aos tiros, levaria um disparo fatal na cabeça, à queima roupa. Depois, os corpos são entregues às famílias.

Colaboraram as sucursais do Rio e de Brasília

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