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Nove anos de gestação

Desde 2003, Maternidade de São Paulo está fechada; após acordo no TRT, prédio agora será desocupado

CRISTINA MORENO DE CASTRO
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Quase nove anos após o fechamento de suas portas, a Maternidade de São Paulo, a primeira da cidade, finalmente será desocupada.

Suas 15 mil fichas clínicas, obras de arte e os móveis antigos que estão guardados no prédio de 1894 agora serão transferidos para depositários definidos pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho).

O acervo, de importância histórica, estava abandonado por causa de uma disputa judicial, conforme a Folha revelou no ano passado.

É que, após 109 anos de atividades ininterruptas, a maternidade encerrou suas atividades em 2003, mergulhada em dívidas, e foi leiloada em 2006 para quitar os débitos com 866 ex-funcionários.

Foi arrematada por R$ 18,5 milhões pela Casablanc Representações e Participações, ligada ao Banco Safra, mas desde então a Associação Hospitalar Maternidade de São Paulo tentou contestar o leilão judicialmente.

Na semana passada, as duas partes firmaram um acordo em que a associação se compromete a aceitar o leilão, desocupar o imóvel e o entregar à Casablanc.

Com o dinheiro atualizado do arremate -hoje em R$ 29,3 milhões, segundo o TRT-, as dívidas trabalhistas serão quitadas. Caso seja necessário e possível, os móveis e equipamentos também podem ser vendidos para o pagamento da dívida.

Mas hoje, "muita coisa não tem valor comercial, por ser antiga", diz Guilherme Gantus, advogado da associação.

Quando o inventário dos bens foi feito, em 2006, os oficiais do TRT constataram que eles estavam "na sua maioria, em regular ou mau estado de conservação" e destacaram haver "muito entulho, móveis quebrados em precaríssimo estado", documentos "esparramados pelo chão, muitas caixas rasgadas".

Todos os documentos de pacientes e peças naturais e humanas, como fetos, serão catalogadas e guardadas em até nove meses no Arquivo Público do Estado, onde depois ficarão à disposição para pesquisas do público.

O prédio da maternidade tem 19 mil m², 15 pavimentos e fica a um quarteirão da avenida Paulista, na rua Frei Caneca. Ela já foi referência em obstetrícia e chegou a ter 400 leitos e 1.200 servidores.

O diretor de estudos especiais da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), Luiz Paulo Pompéia, estima que só o terreno valeria até R$ 56 milhões.

A Casablanc foi procurada para dizer o que vai construir ali, mas não se manifestou.

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