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'Aulão' na Bahia tem até show de reggae

Voltada para o Enem, medida é uma tentativa de amenizar os efeitos da greve de professores, que já dura 79 dias

Além das aulas, empresa contratada pelo governo fará programas de TV voltados para alunos do 3º ano do ensino médio

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE SALVADOR

Com show de reggae nos intervalos e 400 alunos em sala, o governo da Bahia promoveu ontem o primeiro "Aulão Enem", uma tentativa de amenizar os efeitos da greve de professores da rede estadual, que já dura 79 dias.

A primeira edição da aula-show reuniu professores que, sobre um palco, falaram sobre crise no Oriente Médio e impactos do narcotráfico no Brasil, entre outros assuntos.

Os "aulões" fazem parte do pacote de medidas do governo voltado a alunos do terceiro ano do ensino médio.

O conceito é simples: muitos alunos na plateia, professores revezando o microfone e, nos intervalos, música. "É um espetáculo. Diferente do que teríamos na sala, com o professor próximo da turma", diz Jadson Almeida, 20, que quer cursar enfermagem.

Larissa Lima, 16, gostou da iniciativa por poder relembrar alguns temas. Mas, para ela, o "aulão" busca disfarçar o impasse da greve. "Deveríamos ter aulas normais e 'aulões' como complemento."

Estão previstos 384 "aulões" em Salvador e no interior do Estado. Para organizá-los, o governo assinou contrato emergencial (sem licitação) de R$ 1,5 milhão com a empresa Abais Conteúdos Educativos & Produção Cultural Ltda.

O professor Jorge Portugal, conhecido na Bahia por seus programas educativos na TV, está à frente da empreitada, como consultor da Abais.

A empresa fechou outro contrato com o governo, de R$ 1,9 milhão, para fazer 175 programas de TV com temas do Enem e de vestibulares.

"Temos produção de data-show, transporte, equipes que precisam ir ao interior e professores de ponta, que ganham mais do que os da rede estadual", disse Portugal, justificando o investimento.

Para a professora da UFBA (Universidade Federal da Bahia) Sandra Marinho, os gastos são discrepantes em relação ao ensino público.

"Temos escolas em situação precária, com acervos de bibliotecas ameaçados. É a mercantilização da educação e a desqualificação dos profissionais da rede pública."

Em nota, o governo disse que a Abais foi contratada pela "capacidade técnica, pedagógica e de infraestrutura" e que 200 mil alunos serão beneficiados. Ontem, cerca de 60 professores protestaram em frente à escola durante o "aulão".

(EDER LUIS SANTANA)

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