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Secretário ia liberar obra ilegal, afirma promotora

Segundo ela, Promotoria impediu que Orlando Almeida liberasse o Café Photo

Secretário é acusado de receber propina; ele nega as acusações e pediu para ser ouvido no Ministério Público

ROGÉRIO PAGNAN
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

A promotora de Justiça Maria Amélia Nardy Pereira disse ontem que o Ministério Público impediu que o secretário municipal Orlando Almeida Filho (Controle Urbano) liberasse o funcionamento do Café Photo, apesar de irregularidades no imóvel.

Segundo Maria Amélia, que em 2009 era promotora de Habitação, a fiscalização partiu do Ministério Público diante de informações de que o secretário Almeida iria liberar a casa noturna.

O prédio que iria abrigar o Café Photo, na Vila Olímpia (zona sul), estava em obras e aguardava a liberação do alvará pela prefeitura.

"Se a Promotoria não tivesse ido lá, ele tinha liberado. Era uma coisa gritante", diz Maria Amélia, hoje secretária da Corregedoria do Ministério Público.

Segundo ela, a casa tinha construído mais de 3.000 m² além do permitido pela prefeitura e estava em vias de ser liberada por Almeida.

A situação só foi regularizada após a boate ter anexado um terreno ao lado, sob supervisão da Promotoria.

A Folha procurou Maria Amélia porque, anteontem, Almeida disse que ela seria sua testemunha de que não cometeu irregularidades na liberação do Café Photo.

"O Café Photo só abriu quando a promotora foi conosco ao local e permitiu a abertura", disse o secretário.

O Gaeco (grupo da Promotoria especializado em crime organizado) abriu investigação para apurar denúncia de que Almeida recebeu R$ 500 mil para não fechar o Photo.

Ele confirma que a casa precisou anexar um terreno ao lado para poder se regularizar, mas afirma que o processo foi totalmente normal e orientado pela prefeitura. Ele nega todas as acusações de que teria recebido propina.

A Folha procurou o Café Photo, mas ninguém da casa quis comentar o assunto.

INVESTIGAÇÃO

A denúncia de que Almeida cobrou R$ 500 mil para liberar o Café Photo consta de uma gravação apresentada pelo empresário Oscar Maroni, dono da boate Bahamas -interditada pela prefeitura. Maroni e Almeida têm batido boca pela imprensa nas últimas semanas. Almeida disse que quebraria a cara de Maroni após o empresário dizer que apresentaria provas de corrupção contra o secretário.

Há mais quatro testemunhos que levantam suspeitas contra Almeida. Duas são ligadas a um caso ocorrido em 2009, quando o secretário interditou a boate Romanza. A dona do local acusa Almeida de ter pedido R$ 100 mil para manter a casa aberta.

O secretário diz que não pediu propina alguma e que um policial militar, que o acompanhou durante a fiscalização, é testemunha.

Após a divulgação de que foi aberta a investigação, Almeida esteve ontem no Gaeco para prestar esclarecimentos. Ouviu dos promotores que esse depoimento será tomado em momento mais oportuno da investigação.

Procurado ontem pela Folha, Almeida não respondeu aos recados deixados.

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