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Saúde, segurança e transporte preocupam paulistanos

Para eleitores, três áreas são os principais problemas da cidade, aponta pesquisa Datafolha; há 23 anos, cenário não era muito diferente

DE SÃO PAULO

Há 23 anos o transporte público e a violência são as principais queixas dos eleitores paulistanos. Seis prefeitos depois, de diferentes partidos, ambas continuam sem solução e estão, ao lado do sistema de saúde, no topo da lista.

A qualidade do atendimento em postos e hospitais públicos é o maior motivo de insatisfação. A área é apontada como o principal problema da rede de serviços municipais por 26% dos eleitores, segundo pesquisa Datafolha. Segurança teve 16% e transporte, 15%.

As entrevistas ocorreram nos dias 13 e 14 de junho com 1.077 pessoas -homens e mulheres com mais de 16 anos de todas as regiões de São Paulo e que votam na cidade.

"As respostas são espontâneas", explica o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino. "Isso mostra como a percepção de piora na saúde aumentou muito de 2008 para cá."

"A avaliação é significativa porque ela é constante", diz Paulino. "E, no caso da segurança, desde 2007 ela fica nesse mesmo patamar. O medo acaba sendo uma marca da cidade." O resultado, acrescenta, não costuma sofrer influência de ondas de crime, como a recente série de arrastões a restaurantes e condomínios.

Se por um lado as três áreas concentram a preocupação de mais da metade do eleitorado, questões tradicionais também aparecem, como educação, enchente e trânsito (as três com 6%).

MELHOROU? ONDE?

O Datafolha também perguntou aos eleitores em qual área Gilberto Kassab (PSD) está se saindo melhor. Metade não soube apontar nenhuma. "É uma evidência de que a população está reprovando a gestão atual", diz Paulino.

Na última quinta, o prefeito fez o penúltimo balanço do seu programa de metas, instituído em 2009 para melhorar a infraestrutura da cidade e a vida dos moradores.

O resultado: 84 dos 223 objetivos foram concluídos, 138 estão em andamento e um deles, a transferência de verbas para o Rodoanel, não será cumprido. "Existe bastante entusiasmo pelos resultados apresentados", comemorou Kassab na ocasião.

DINHEIRO E VONTADE

Falta de investimento e de vontade política são os motivos das mesmas reclamações por tantos anos. Sem essas duas iniciativas, nada mudará. "A trajetória não é fácil: precisa de recursos e de estrutura", diz Paulo Puccini, especialista em saúde pública.

Nas ruas, faltam recursos para destravar o nó da mobilidade. "Deixamos o problema acontecer e ficamos esperando uma solução mágica", afirma o professor Jaime Waisman, da Politécnica da USP.

A origem das falhas é antiga e revela a falta de planejamento. "Como crescemos demais e a infraestrutura não acompanhou, temos deficiência de segurança pública assim como de mobilidade", diz Marcelo Batista Nery, do Núcleo de Estudos da Violência da USP.

Como mudar? Ter atitude política, diz o arquiteto Jaime Lerner. "Quando você melhora a qualidade de vida da população, o custo político vale a pena."

(ELVIS PEREIRA, GUILHERME GENESTRETI e REGIANE TEIXEIRA)

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