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Furtada no Rio, africana fica 9 dias sem poder viajar

Representante do Níger na Rio+20 só conseguiu um novo passaporte ontem

Brasileira acolheu a nigerina Hadijatou Aboubacar Anadou em casa na Penha, onde ela conheceu o funk

DO RIO

Há nove dias, a nigerina Hadijatou Aboubacar Anadou, 54, chora a cada vez que lembra do momento em que teve furtados de sua bolsa, num shopping carioca, passaporte, dinheiro e cartões de crédito.

Anadou, que estava na cidade como delegada de Níger, África, na Rio+20, ficou sem poder voltar para seu país. Aguardava a chegada de novos documentos vindos da embaixada de Níger nos EUA -a mais próxima do Brasil.

Quando foi avisada de que apenas com a cópia do passaporte não poderia embarcar no voo da Alitalia -que a levaria a Roma e de lá a Casablanca, no Marrocos, para enfim chegar a Niger- já era tarde.

Os 16 integrantes da delegação de Níger já haviam embarcado no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão.

O drama dela, que é funcionária do Ministério da Educação de Níger e veio à Rio+20 apresentar um trabalho sobre educação ambiental adotado em seu país, só terminou ontem, com a chegada de seu novo passaporte. Ela tem voo marcado para as 14h45.

Foi no aeroporto, ao tentar embarcar com a cópia do passaporte, que Anadou conheceu a brasileira Elida Heiderick, 42. Heiderick, que trabalhava no estande de credenciamento da Rio+20 no Galeão, viu a nigerina chorando no saguão e ouviu sua história.

Sem dinheiro, ela temia perder o casamento da filha em Níger, no próximo dia 14.

Depois de duas novas tentativas de embarque frustradas, Heiderick convidou Anadou para se hospedar em sua casa, na Penha, zona norte do Rio.

Lá, a nigerina conheceu particularidades do Brasil.

Anadou já conheceu o funk carioca, pintou as unhas à moda francesinha e perdeu a vergonha de comer na rua -algo proibido em seu país.

"Só tenho a agradecer à minha segunda família. Nunca vou me esquecer de Elida e suas amigas, que foram muito bondosas comigo", disse Anadou, com os olhos marejados.

"Pretendo voltar para o Brasil e trazer toda minha família para conhecê-las."

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