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Análise Foco agora será na readequação de pilotos a aeronaves automatizadas IGOR GIELOWSECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Às 23h11min43s de 31 de maio de 2009, o capitão Marc Dubois irrompe na cabine do Airbus e grita: "Que diabos você está fazendo?". O copiloto Pierre-Cédric Bonin responde dois segundos depois: "Nós perdemos controle do avião!". Mais dois segundos, e o outro copiloto, David Robert, sentencia: "Nós perdemos totalmente o controle do avião. Nós não entendemos nada... nós tentamos tudo". Dois minutos e 45 segundos depois, as 228 pessoas a bordo do voo 447 estão mortas. Os diálogos finais dão conta da confusão entre os dois copilotos, que não souberam como lidar com o avião. O novo relatório confirma o que já havia sido divulgado no ano passado, adicionando questionamentos sobre os sistemas de alerta do Airbus. O peso dado à falha no treinamento e ao comportamento dos pilotos é claramente superior aos problemas técnicos e à leniência dos órgãos de segurança aérea com episódios anteriores de congelamento das sondas de medição de velocidade do avião. A teoria conspiratória dirá que isso tem a ver com o fato de que tanto a Air France quanto a Airbus têm participação do mesmo Estado francês que fez a investigação. Não parece haver dados a corroborar isso, porque os diálogos mostram o despreparo para a crise. Correções já foram feitas, e outras serão tomadas. A indústria de aviação se sustenta na sensação, estatisticamente inegável, de que é seguro voar. Acidentes servem para aprimorar a segurança. O foco agora, além de técnico, será na readequação dos pilotos a aeronaves cada vez mais automatizadas. A Airbus europeia sempre foi pioneira nesse caminho. Aviões controlados por computadores são mais imunes a barbeiragens dos pilotos, além de mais econômicos e eficazes. E assim seguirá, como os novos modelos da rival Boeing demonstram. A queda do voo 447 mostra que a ideia errada de que a automação transformava pilotos em motoristas de luxo de máquinas autossuficientes pode ter pervertido a forma de treiná-los. É claro o pasmo da dupla no A-330 ao encarar o óbvio: aviões são máquinas, logo falham. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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