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Escola abre nas férias, a pedido dos próprios pais

Enquanto eles trabalham, filhos se divertem; adesão cresce a cada ano

Colégios mudam atividades e ambientes, para atrair crianças; especialistas divergem sobre vantagem da prática

Marisa Cauduro/Folhapress
Dafne Froes e Julia Morelli, alunas do colégio Renovação, visitam unidade do Corpo de Bombeiros em atividade de férias
Dafne Froes e Julia Morelli, alunas do colégio Renovação, visitam unidade do Corpo de Bombeiros em atividade de férias

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

Caio, 2, e Theo, 4, estão de férias do colégio Renovação (zona sul). Davi, 5, da escola Building (zona sul), também. Mas eles continuam frequentando a escola normalmente.

As atividades, no entanto, não são as de costume. Eles brincam de cientista, fazem bolo, piquenique, vão ao cinema e visitam os Bombeiros. É uma programação de férias, só que dentro da escola.

Atendendo aos pedidos dos próprios pais, que não têm onde deixar os filhos enquanto trabalham, escolas particulares de São Paulo têm aberto as portas nas férias.

No Mater Dei, fundado em 1962 na zona oeste da cidade, a programação de férias começou a ser feita neste ano.

"Os pais trabalham o ano todo e começaram a nos perguntar quando começaríamos. Fizemos o planejamento e resolvemos abrir a escola também neste período", diz Lucila Cafaro, coordenadora pedagógica do colégio.

A adesão foi de quase 40% dos estudantes, cujos pais desembolsam R$ 430 a semana.

Outras escolas, que já faziam a atividade, dizem que a adesão aumenta a cada ano, principalmente entre crianças que já ficam no colégio em período integral -nas férias, elas também costumam permanecer o dia todo.

CARA DE ESCOLA

Para tirar a cara de "atividade escolar", os colégios só promovem atividades lúdicas. Também é permitido ficar descalço nas brincadeiras e até levar a bicicleta de casa.

Há escolas que mudam o ambiente das atividades. A Building, por exemplo, criou um cenário, com colagens, para simular que as crianças entram no fundo do mar ao passarem pelos portões.

Os pais citam como vantagens no serviço, além da segurança e da praticidade, a possibilidade de proporcionar atividades interessantes.

"Eu teria que deixá-lo na casa da minha mãe. Mas um adulto não acompanha a necessidade de brincar de uma criança", diz a bancária Cássia Pedroso, 36, mãe de Davi.

Silvia Colello, professora da Faculdade de Educação da USP, concorda. "A criança precisa ser estimulada, brincar, passear. Ficar em casa ou na casa da avó, assistindo TV, jogando videogame ou no computador não é saudável."

Para ela, essas atividades podem até reforçar o elo da criança com o colégio, o que é bom para o aprendizado.

Já a psicóloga Rosely Sayão, colunista da Folha, diz que o melhor é que as crianças tirem férias da escola. "Há pais que podem ficar com elas, e preferem a escola. É importante tirar férias do ambiente, das pessoas. A criança precisa ter disponibilidade para não fazer nada e ter contato com outros círculos." Escolas não aceitam, geralmente, não matriculados.

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