Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

'Boom' habitacional desordenado coloca em risco Bertioga

Estimativas oficiais indicam que 27 mil pessoas vivem de forma irregular na cidade do litoral norte do Estado

Em dez anos, município cresceu 59%, um dos maiores índices do Estado; inchaço ocorreu em áreas favelizadas

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Bertioga, cidade que mais cresceu proporcionalmente na Baixada Santista em dez anos, vive o desafio de sair da rota do desenvolvimento insustentável -modelo que se repete em quase todo o litoral.

Dados do IBGE mostram que a população do município aumentou 59% entre 2000 e 2010. O inchaço ocorreu principalmente em áreas ocupadas de forma ilegal.

Vivem na cidade, de forma fixa, 47.645 pessoas, diz o IBGE. O número passa de 400 mil na temporada de verão.

Estimativas oficiais indicam que 27 mil pessoas moram de forma ilegal.

Segundo o vereador Alfonso Dari Weiland (PRP), o Alemão, boa parte da população da cidade não tem título de propriedade do imóvel.

O exemplo mais emblemático de falta de regularização, de acordo com o político, é o caso do Jardim Ana Paula, uma das 17 áreas que surgiram a partir de invasões.

Em abril, não fosse o poder público, 3.500 pessoas teriam que sair do bairro, por causa de uma ação de reintegração de posse.

Uma imobiliária ganhou liminar na Justiça que dava a ela o direito de retomar o terreno. "Houve uma negociação. Haverá um programa de crédito para as pessoas comprarem suas casas", afirma Alemão, que diz não ser nem oposição e nem situação.

INTERESSE SOCIAL

As consequências do "boom" desordenado são problemas de ordem social e ambiental. Hoje, mais de 80% do município de Bertioga está em área preservada.

"Vivemos um processo de favelização. São pessoas que estão vivendo sem serviços, sem saneamento básico", diz Ermínio Aguiar, voluntário da ONG Boraceia Viva, e participante dos conselhos municipais da cidade.

O que precisa ser feito, diz um dos líderes da sociedade civil de Bertioga, é implantar um plano de interesse social na cidade, que envolva recursos de várias esferas governamentais para resolver o problema das invasões.

Essa é uma ideia que a arquiteta Estela Alves, assim como outras pessoas ligadas a movimentos locais, corrobora. "O crescimento a qualquer custo e o uso do solo predominantemente ligado à produção de residências de veraneio são problemas sociais que precisam ser equacionados", diz a pesquisadora.

De acordo com Alves, que fez sua dissertação de mestrado sobre o crescimento da cidade e os efeitos na sustentabilidade ambiental, faltam políticas públicas que enfrentem os problemas socioambientais da região.

Procurada pela Folha durante a última semana, a Prefeitura de Bertioga não se manifestou.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.