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Prédio em obra vira garagem irregular

Exploração se torna prática comum em São Paulo, mas parte desses locais funciona ilegalmente e sem segurança

Postos desativados também têm sido usados como estacionamentos; prefeitura não diz se essa prática é ilegal

Jorge Araujo/Folhapress
Posto de gasolina que atualmente é usado como estacionamento de veículos; obras também abrigam carros em SP
Posto de gasolina que atualmente é usado como estacionamento de veículos; obras também abrigam carros em SP

VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO

Assim que as estruturas das garagens são concluídas, prédios em construção na cidade de São Paulo viram estacionamentos improvisados -alguns deles, irregulares.

A Folha apurou que o novo modelo de estacionamento rotativo já é comum na cidade. Só uma empresa de seguros afirma ter apólices contratadas para mais de 50 estabelecimentos desse tipo.

A prefeitura diz autorizar esse tipo do operação desde que a construtora obtenha o certificado de conclusão parcial da obra e que a garagem tenha entrada independente.

Mas especialistas veem riscos e consideram perigoso misturar edifício em obras e garagem em operação. Os riscos aumentam quando o estacionamento é irregular, já que não é submetido a avaliações de segurança.

Dois dos quatro casos apontados pela reportagem para a prefeitura não tinham os documentos necessários para operar: o certificado de conclusão parcial de obra e o auto de funcionamento.

A prática é comum em regiões de trânsito pesado, como centro, avenida Paulista, Itaim Bibi e Vila Olímpia.

No bairro da Liberdade (centro), um edifício está só com as estruturas prontas, mas a empresa Trevo já explora dois andares de estacionamento a R$ 5 por hora.

Ali, nem a condição mínima de segurança exigida foi cumprida: entrada separada para o estacionamento.

A Trevo toca outro estacionamento em prédio inacabado, este irregular, na Vila Olímpia (zona oeste). Foi multada em R$ 4.000 após a reportagem ter contatado a prefeitura. Se não obtiver autorização, pode ser fechado.

Outro estacionamento que estava irregular é o de uma franqueada da empresa Estapar no Itaim Bibi (zona oeste), em uma obra da construtora Zabo. Após ser multado em R$ 4.000, foi fechado por iniciativa da franqueada.

Segundo Paulo Bosisio, sócio-diretor da FBB (seguradora considerada líder no mercado de estacionamentos), a exploração de garagens em prédios em obras começou a surgir há cerca de cinco anos e é cada vez mais comum.

Na av. Paulista, ao lado do Masp, um edifício alugava vagas para carros da região seis meses antes de ficar pronto.

A Estapar, segundo funcionário de sua área comercial, explora garagens de diversas obras no Itaim Bibi. A declaração foi obtida quando a reportagem se passou por construtora interessada em contratar serviços da empresa.

Ao ser questionada mais tarde sobre a informação, a Estapar disse não ter, assim como suas franqueadas, nenhum outro estacionamento em prédios em obras.

Postos de combustíveis desativados também têm sido transformados em estacionamentos. A Folha questionou a prefeitura sobre a legalidade desses empreendimentos, mas não obteve resposta.

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