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São Luiz muda plano após 50 anos e revolta pacientes

Após contratar plano da unidade Itaim, clientes não poderão mais usá-la

Medida vem depois da venda da rede, em 2010; operadora afirma que alteração tem respaldo na legislação

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

O aposentado Vicentino Cassiano, 90, foi surpreendido no mês passado ao receber uma carta em casa informando que, a partir do próximo domingo, não poderá mais utilizar o hospital que o atendeu quase a vida inteira.

Ele é beneficiário do plano do São Luiz, um dos hospitais mais bem conceituados de São Paulo. Contratado há 50 anos, o plano dava direito de atendimento só na unidade do Itaim (zona oeste) -a única que o São Luiz tinha na época da contratação.

Com a expansão da rede, os usuários do plano passaram a contar ainda com as unidades Morumbi (aberta em 2000) e Anália Franco (em 2008).

Mas, a partir do dia 15, eles não poderão mais utilizar a unidade Itaim do plano, que foi substituída pelo hospital Nossa Senhora de Lourdes (no Jabaquara, zona sul) -distante 10 km do Itaim.

A mudança vem após a venda da rede São Luiz para a rede D'Or, em 2010, e da alteração do nome do plano para Advance Planos de Saúde.

"É absurdo. Fiz a sociedade com o São Luiz do Itaim e agora eles mudam assim, de repente", afirma Cassiano.

É a mesma opinião da professora Izilda das Neves, 57. A tia-avó dela, Alexandrina, 82, que tem Alzheimer, também será afetada pela mudança.

"Não é nada difícil que eles comecem a substituir tudo por hospitais piores", diz Izilda, que já tentou uma explicação do plano para a mudança, mas não teve sucesso.

AFETADOS

O hospital não quis informar quantas pessoas serão afetadas, mas diz que está respaldado pela legislação.

A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) afirma que os planos têm liberdade para substituir hospitais por outro de igual porte.

Por esse entendimento, o Procon-SP diz que a mudança do São Luiz é regular. Mas ressalta que os usuários que estão em tratamento na unidade Itaim têm o direito de concluí-lo no próprio local.

Para a advogada Estela Alcântara Tolezani, do escritório Vilhena Silva, especializado em saúde, houve "ofensa ao próprio contrato firmado".

"Quando o contrato foi firmado, só havia a unidade Itaim. As pessoas fizeram o plano por causa desse hospital. Não é como Amil, SulAmérica, que têm vários hospitais e podem fazer a substituição."

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