Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

PMs são investigados por invasão ilegal de prédio residencial

Grupo de policiais, à paisana e fardados, invadiu edifício na madrugada à procura de um suspeito de tráfico

Corregedoria apura caso; para advogado, invasão só poderia ser feita se houvesse crime em andamento

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
JOSMAR JOZINO
DO “AGORA”

Um grupo de PMs da Rota (grupo especial da PM paulista) foram flagrados por 12 câmeras de segurança de um edifício residencial no litoral paulista ao invadir o local durante a madrugada. A ação foi feita sem amparo legal.

A invasão ao edifício Giovana, na Vila Tupi, Praia Grande (71 km de SP), foi entre às 3h e 4h15 de 25 de abril. Durante a invasão, os PMs da Rota, com pistolas e metralhadoras, circularam pelo prédio, de nove andares, atrás de Wagner Rodrigo dos Santos, 33, ex-presidiário condenado por tráfico. O suspeito não estava em casa.

Hoje, o Ministério Público Estadual e a Corregedoria da PM investigam as irregularidades dos PMs da Rota (quatro à paisana e seriam do Serviço Reservado da Rota, e outros nove, fardados).

As imagens das câmeras de segurança do prédio, obtidas pela reportagem, foram enviadas ao promotor de Justiça do Guarujá, Bruno de Moura Campos, que as mandou para a Corregedoria da PM.

CRIME EM ANDAMENTO

Segundo o advogado criminalista Sergei Cobra Arbex, se não havia nenhum crime em andamento durante aquela madrugada, os PMs da Rota não podiam invadir.

"O lar é inviolável. Se existia ordem de Justiça para entrar no prédio, os PMs da Rota tinham de cumpri-la entre 6h e 18h."

O apartamento de Santos foi invadido pelos PMs, que não encontraram nada de ilegal no local. Apenas a mulher e o filho dele estavam lá.

Cerca de um mês depois, Santos e dois amigos foram presos pela Rota no Guarujá (a 86 km de SP). Eles foram acusados de tráfico pelos PMs, que disseram ter achado cinco quilos de maconha e cinco quilos de cocaína com o trio, além de uma arma.

Um funcionário do edifício Giovana, que pediu para não ter o nome divulgado, disse que no edifício não há porteiro. Segundo ele, a Rota entrou no prédio ao lado e invadiu o local pulando o muro.

Ao ser preso, Santos foi ouvido pelo delegado Douglas Dias Torres, do Denarc (departamento de narcóticos), da Polícia Civil, e disse que os PMs que invadiram seu apartamento falaram à sua mulher que estavam lá para matá-lo e "intrujar [plantar] alguns quilos de droga nele".

2009

Alguns dos PMs da Rota envolvidos nessa invasão são os mesmos que, em outubro de 2009, após prender quatro suspeitos de tráfico, também foram flagrados por câmeras de um depósito de material de construção misturando cocaína em um tambor.

Após analisar as imagens do depósito, a Justiça soltou os quatro presos acusados de tráfico pelos PMs da Rota. O caso está na Justiça Militar.

NA INTERNET
Veja as imagens
folha.com/no1121714

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.