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UPPs de áreas turísticas e menos perigosas possuem mais policiais

Estudo da Uerj aponta contrastes no policiamento das favelas do Rio

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

As UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas nas favelas da zona sul do Rio possuem mais policiais do que as que estão na zona oeste da cidade, por exemplo.

A relação PMs por habitantes consta da pesquisa "Os Donos do Morro: Uma Avaliação Exploratória do Impacto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio", que será apresentada hoje no último dia do 6º Fórum de Segurança Pública, em Porto Alegre.

O estudo mostra que, independente do tamanho, população e periculosidade, a relação PMs por habitantes privilegiou localidades com maior IDH e alvo de visitas turísticas.

"Ocorreu uma lógica de ocupação sul-norte. Não houve uma escolha de acordo com a criminalidade", avalia Ignácio Cano, coordenador da pesquisa, feita pelo do Laboratório de Análise da Violência da Uerj (estadual do Rio).

A Coordenação das UPPs nega -diz que a distribuição de policiais leva em conta o histórico da favela, número de acessos e circulação.

CONTRASTES

A Cidade de Deus, na zona oeste, é que possui a menor relação policial por habitante. A favela, conhecida pela sua violência, tem apenas nove PMs por cada mil pessoas.

Seus números de crimes e de entradas são bem maiores do que os do Chapéu Mangueira, na zona sul. A comunidade é a mais policiada, com 88 PMs por mil pessoas, embora tenha só um acesso.

A mais recente ameaça a seus moradores ocorreu em 2006, durante as filmagens de "Tropa de Elite". Traficantes roubaram as armas da produção e se esconderam.

O morro de Santa Marta, onde foi instalada a primeira UPP, é o segundo mais policiado, com 61 PMs por mil habitantes -e também fica na zona sul. Bem diferente do Batan, na zona oeste. Lá, são apenas dez policiais para cada mil pessoas. Na região, antes controlada por milicianos, repórteres do jornal "O Dia" foram torturados em 2008.

A pesquisa entrevistou 82 moradores e 25 policiais das favelas onde foram instaladas as treze primeiras UPPs. Também foram analisados registros policiais entre janeiro de 2006 e dezembro passado.

Houve redução de crimes contra a vida, como homicídios e auto de resistência (menos cerca de 100%), e alta nos desaparecimentos e violência doméstica (quase triplicaram).

"O aumento do total de desaparecimentos pode ser uma forma de maquiar casos de homicídio, mas também pode demonstrar maior confiança da população em registrar esses crimes", diz Cano.

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