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Que gripe é essa?

Alta nos casos provoca corrida por vacina contra a doença causada pelo vírus A (H1N1); médico recomenda cautela

DE SÃO PAULO

A gripe A (H1N1) já causou mais mortes em 2012 no país do que a soma dos dois últimos anos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, foram 159 óbitos até agora, ante 113 e 30, em 2010 e 2011.

Mesmo assim, o número representa apenas 7,7% do total de mortes registradas em 2009, quando 2.060 pessoas morreram em todo o país em decorrência da gripe A.

Apesar dos dados causarem apreensão, especialistas recomendam cautela e que as pessoas sigam as instruções médicas à risca (leia ao lado).

"Esses dados mostram que ainda há um certo preconceito da população em relação à vacinação, o que é preocupante", diz o infectologista Caio Rosenthal, do Instituto Emílio Ribas.

No Sul do país, no entanto, onde 1.117 casos foram registrados, há uma "corrida" pela imunização, como a Folha mostrou na última semana. O Rio Grande do Sul recebeu 8.000 doses extras da vacina e o ministério enviou técnicos para auxiliar as investigações das mortes.

Para facilitar o acesso ao antiviral Tamiflu, que atua no combate à doença, o ministério autorizou a venda do medicamento nas farmácias sem a retenção da receita.

Encontrar o remédio, no entanto, não é tarefa das mais fáceis. A Folha constatou nesta semana que em lojas da Droga Raia, Drogaria Onofre, Drogaria São Paulo, Ultrafarma, Drogaverde e Drogasil falta o medicamento.

Rosenthal, porém, lembra que as pessoas devem evitar a automedicação. "O problema é o vírus se tornar resistente à medicação", diz.

FÉ X SAÚDE

Em Mirassol (a 462 km de São Paulo) a gripe A (H1N1) mudou os hábitos dos católicos. Numa tentativa de prevenir novos casos, os padres da cidade não colocam mais as hóstias na boca dos fiéis.

A cidade, de 53 mil habitantes, já registrou 23 casos da doença, segundo a prefeitura. Duas pessoas morreram.

Agora, são os próprios fiéis que pegam a hóstia. Os padres também suspenderam rituais como o "abraço da paz", em que os fiéis que comparecem à missa se cumprimentam e se abraçam.

Os fiéis também foram orientados a higienizar as mãos antes de colocar as mãos nas pias de água benta.

De acordo com as paróquias, não há intenção de cancelar as missas, à exemplo do que acontece em igrejas da região Sul.

Na semana passada, uma paróquia de São Borja (RS), na fronteira com a Argentina, cancelou os cultos para evitar a propagação da doença. A cidade registrou quatro mortes neste ano.

(EMILIO SANT'ANNA E JEAN-PHILIP STRUCK)

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