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PM erra, mata empresário e pede desculpas

Vítima ignora ordem de parada, é perseguida e morta com tiros na cabeça; policiais dizem ter confundido celular com arma

Disparos foram feitos a curta distância quando o veículo parou em rua do Alto de Pinheiros, bairro nobre da capital

GIBA BERGAMIM JR.
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

O empresário Ricardo Prudente de Aquino, 39, foi morto por policiais militares com dois tiros na cabeça anteontem à noite, quando, segundo a PM, fugia de um cerco no Alto de Pinheiros, área nobre da zona oeste paulistana.

Ao menos sete tiros foram disparados pelos policiais -todos de curta distância, conforme análise preliminar da perícia. Os PMs disseram ter confundido o telefone celular de Aquino com uma arma.

O empresário voltava em seu Ford Fiesta da casa de um amigo, em Alphaville (Barueri, na Grande SP), quando, afirma a polícia, ignorou ordem de parar feita por PMs próximo à rua Natingui, na Vila Madalena (zona oeste).

Carros e motos da PM se envolveram na perseguição, que durou cerca de dez minutos e terminou na avenida das Corujas, em trecho com pouca iluminação e muitas árvores. Segundo a polícia, o carro de Aquino chegou a ser perdido de vista até ser interceptado pela Força Tática.

Dois soldados e um cabo foram presos em flagrante e indiciados sob suspeita de homicídio doloso (com intenção).

No Fiesta, havia quatro estojos deflagrados de pistola.40 -o que reforça que os disparos foram de muito perto. Também foram achados no carro o celular da vítima -no assoalho- e 50g de maconha. De acordo com a polícia, ninguém testemunhou o crime.

REPERCUSSÃO

O caso gerou grande repercussão, o que fez um tenente da PM ir à casa do empresário, na Vila Madalena -ele pediu "perdão" aos familiares e disse "estar envergonhado". O tenente é do mesmo batalhão dos PMs envolvidos.

Mais tarde, o comandante-geral interino da PM paulista, coronel Hudson Camilli, pediu desculpas publicamente à família de Aquino e à sociedade, embora tenha dito que, "tecnicamente", a operação dos PMs "foi correta".

O episódio também levou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) a emitir nota lamentando a morte e a convocar o secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, para reunião. O secretário não falou sobre o caso.

O advogado dos policiais, Fernando Capano, disse que o clima de tensão vivido pelos PMs nos últimos meses, quando oito deles morreram em crimes com características de encomendado, pode ter influenciado o comportamento deles na abordagem.

Para ele, embora o desfecho tenha sido "trágico e triste", os PMs agiram "no estrito cumprimento do dever".

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