No HC, exame de câncer é cancelado por falta de agulha

Diagnosticada com câncer no pâncreas e no fígado, Ana França de Sousa Truvão, 74, não conseguiu fazer anteontem uma biópsia do pâncreas no Hospital das Clínicas, em Cerqueira César (região central de São Paulo), porque a unidade estava sem agulha de ultrassom endoscópica.

Segundo Silvia Lopes de Oliveira, 35, filha da paciente, sua mãe não pode iniciar o tratamento de quimioterapia enquanto não fizer a biópsia. "Minha mãe vive à base de morfina, sente muitas dores e mal consegue comer", diz.

De acordo com Silvia, a idosa chegou ao setor onde a biópsia seria realizada às 7h.

"Ela foi preparada e levada para uma sala, mas o exame não foi feito porque estava faltando agulha. O médico foi grosseiro e disse que era para a gente reclamar com o [governador] Geraldo Alckmin."

"Ela ficou no hospital até as 15h, pois passou mal. O pior é que não fizeram a biópsia nem remarcaram", afirma

O HC diz que houve desabastecimento e que remarcou o exame.

A aposentada descobriu o câncer em abril no Hospital do Grajaú (zona sul). A biópsia foi marcada por um gastroenterologista do HC para o dia 21 de agosto. Após a paciente reclamar do prazo, o exame foi remarcado para anteontem.

Segundo a médica patologista Nathalie Canedo, a biópsia é imprescindível para o sucesso do tratamento. "Ela dá certeza sobre o tipo do câncer, o tamanho da lesão e se houve metástase [quando o câncer migra para outros órgãos]."

MEDICAMENTOS

Também no HC, pacientes que procuravam ontem a farmácia não conseguiam encontrar alguns remédios.

Entre eles estavam a Levotiroxina, para a tireoide, e o Carbonato+Lactogliconato 500 mg e a vitamina D200, contra a osteoporose.