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'Tropa está sob controle', diz secretário

Para Ferreira Pinto, pedido de desculpas da PM à família foi errado, por ser 'algo vazio' e 'parecer até certa insensibilidade'

Titular da Segurança afirma que policiais 'erraram no momento que atiraram' contra o veículo de empresário

DE SÃO PAULO

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, disse ontem que não falta treinamento aos policiais militares e que o comando da corporação tem controle sobre a tropa.

"Controle absoluto", garantiu ele ontem, na primeira manifestação pública após as ações da PM que terminaram em mortes "injustificáveis", segundo o próprio governo.

"O comando está plenamente tranquilo de que tem o comando nas mãos. Não há nenhuma precipitação ou hipersensibilidade por parte dos policiais que trabalham na rua."

Ao participar com o secretário da formatura de 920 soldados, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) falou rapidamente sobre os casos. "A tolerância a qualquer tipo de abuso ou erro é zero", disse.

Questionado pela imprensa, o tucano transferiu a missão ao secretário. "Ele não fugiu [do tema]. É que eu tenho mais condições de explicar as questões de segurança."

Ferreira Pinto também tentou esclarecer a avaliação do comando da PM de que foi "tecnicamente perfeita" a ação que resultou na morte do empresário Ricardo de Aquino.

Disse que o que coronel Hudson Camilli quis dizer é que a ação foi correta até os disparos. O "acompanhamento" foi tecnicamente perfeito, mas a abordagem foi "desastrada".

"Eles erraram totalmente. Erraram no momento em que atiraram. Não é pelo simples fato de o indivíduo desobedecer uma blitz que merece ser recebido a tiros", disse.

Totalmente errado, para ele, foi o fato de o coronel Camilli ter pedido desculpas publicamente à família de Aquino.

"A gente lamenta, lamenta bastante. Desculpas neste momento é algo muito vazio e sem sentindo. A questão de desculpa chega a ser até ridícula, bisonha. A família fica até mais indignada porque parece até uma certa insensibilidade."

Ferreira Pinto também rebateu a críticas do ex-secretário José Afonso da Silva, que disse que a gestão Alckmin, ao contrário da de Covas, tolera a violência policial como forma de combater o crime.

"O professor José Afonso da Silva é um brilhante jurista. Mas foi um secretário bisonho, fez um trabalho medíocre. Respeito as palavras dele, mas não concordo. Não toleramos, em hipótese alguma, abuso, violência, corrupção", disse.

FORMATURA

Na cerimônia de formatura, Alckmin disse, em seu discurso, que a missão da PM paulista, uma "das melhores do Brasil, é "servir e proteger".

O secretário foi mais enfático. Dirigindo aos novos policiais, o ex-oficial da PM pediu para eles não se deixarem contagiar por sentimentos menos nobres. Disse que os desvios de condutas são punidos exemplarmente. "O sonho de hoje pode ser o sofrimento de amanhã", avisou.

MAJOR AFASTADO

Um major do 23º Batalhão da PM (zona oeste), foi afastado do cargo ontem porque, na visão da Secretaria da Segurança, falhou ao não evitar que a equipe de três policiais envolvidos na morte de Aquino saísse às ruas sem um sargento.

O sargento, que seria o chefe do grupo, não foi trabalhar naquela noite, segundo apurou a Folha.

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