Kassab cumpriu apenas 16% das metas de mobilidade urbana

O semáforo abre, fecha, volta a abrir. E você continua no mesmo lugar. Horário de pico, a Paulista a três quadras e nada de conseguir chegar até lá. O trânsito travado na Consolação. O semáforo está no vermelho mais uma vez -sua paciência também.

Poderia ser pelo menos um pouco melhor, mas a gestão Gilberto Kassab (PSD) cumpriu até agora só 16% das promessas de mobilidade urbana previstas no plano de metas. Dezembro é o limite.

A principal lacuna, segundo especialistas ouvidos pela Folha, é o atraso na construção dos 66 quilômetros de corredores de ônibus.

A prefeitura diz que o atraso não é significativo e que trabalha para cumprir as metas da Agenda 2012 até o fim do ano. Uma delas, o prolongamento da avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul, acabou de começar e não vai ser entregue por Kassab.

O túnel e o prolongamento da avenida ligarão as regiões da Berrini, do Brooklin e de Congonhas ao Jabaquara e à rodovia dos Imigrantes.

No caso dos corredores, menos de 50% dos 66 km previstos foram entregues: 26,4 km.

"Na construção dos corredores e na conclusão do Expresso Tiradentes, a prefeitura parece ter acordado muito tarde para essas urgentes ações", afirma Adalberto Maluf, especialista em transportes, da Fundação Clinton.

Um erro desta gestão, diz Maluf, foi trocar o projeto de muitos corredores por outros, que preveem monotrilhos.

"O corredor da avenida Celso Garcia (zona leste), que estava na lista inicial dos corredores de ônibus, é um desses casos. O mesmo vale para o corredor da M´Boi Mirim (zona sul)", diz o especialista.

Maluf, porém, elogia algumas medidas. "Nas ações relacionadas aos transportes não motorizados, como ampliação das ciclofaixas e ciclovias, e na proteção aos pedestres, São Paulo tem alguns projetos emblemáticos".

'DECISÕES'

Para Orlando Strambi, especialista em transportes da POLI/USP, um dos problemas dos corredores de ônibus é que eles, "quase de forma inevitável, pioram os congestionamentos" na cidade.

"O problema, no caso de São Paulo, é que o que vem sendo feito não parece resultar de uma decisão, mas de uma "não decisão".

Entre as metas importantes cumpridas pela prefeitura estão a pavimentação de 200 quilômetros de vias e a sinalização horizontal de um milhão de metros quadrados.