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Prefeitura já conhecia problemas em shoppings

Há casos documentados na Justiça ou na Câmara pelo menos desde 2008

Gestão Kassab só agiu efetivamente depois que esquema de pagamento de propina foi revelado pela Folha

EVANDRO SPINELLI
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

As irregularidades em shoppings listadas nesta semana pela prefeitura, que apontou que 28 deles não cumprem todas as exigências legais, já eram de conhecimento da própria administração havia muito tempo.

Há casos documentados desde 2008 na Justiça ou na Câmara, mas a prefeitura sabe dos problemas há mais tempo. São as mesmas irregularidades que a administração relaciona agora.

Na maioria dos casos, nada foi feito nesse período.

Caso simbólico é o do shopping Interlagos, agora ameaçado de fechamento. Já em 2005, o empreendimento foi multado em R$ 2 milhões por funcionar sem Habite-se.

Em 2009, a CPI do IPTU na Câmara identificou que o local também tinha áreas irregulares. No ano passado, o shopping chegou a ir à Justiça contra a prefeitura para que seu pedido de regularização fosse analisado.

Mas só agora a prefeitura deu prazo para o empreendimento se regularizar -até 22 de agosto- e voltou a multar, em R$ 1,9 milhão.

Como este, existem oito casos (Light, SP Market, Santana Parque, Eldorado, Bourbon, West Plaza, Aricanduva e Raposo). Nesta semana, o Eldorado conseguiu o alvará.

A gestão Gilberto Kassab (PSD) só decidiu agir sobre os shoppings após a Folha revelar, no mês passado, um suposto esquema de propina para funcionários da prefeitura liberarem alvarás.

Daniela Gonzalez, ex-diretora financeira da BGE, empresa do grupo Brookfield que administra shoppings, afirmou à Folha que a companhia pagou propina, entre outros, para o vereador Aurélio Miguel (PR) e Hussain Aref Saab, ex-diretor do Aprov.

O Aprov é o órgão responsável pela aprovação de empreendimentos de médio e grande portes na cidade.

Aref dirigiu o órgão por pouco mais de sete anos. Nesse período, adquiriu 106 imóveis, como o "TV Folha" revelou em maio. Ele é investigado por suspeita de corrupção e enriquecimento ilícito.

Já Aurélio Miguel foi o presidente da CPI do IPTU.

Segundo Daniela, ele recebeu R$ 200 mil de todos os shoppings da BGE para não incluí-los no relatório.

Além dessa CPI, Miguel presidiu também a comissão de estudos dos Licenciamentos. As duas comissões apontaram irregularidades em empreendimentos imobiliários.

Aref e Miguel negam ter recebido propina.

MANIFESTAÇÃO

Ontem, cerca de 150 funcionários do Higienópolis protestaram contra risco de fechamento. Eles temem a perda dos 4.000 empregos.

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