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Igreja da Consolação recorre a fiéis para 'resistir ao tempo'

Reforma é bancada com a ajuda de venda de carnês e colaborações espontâneas

Infiltrações, goteiras e paredes descascadas estão em toda parte na igreja, que é ponto turístico de São Paulo

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Sem recursos para pôr fim às infiltrações, vedar as goteiras e recuperar a pintura da cúpula, em estado precário, a centenária igreja da Consolação, no centro de São Paulo, decidiu recorrer a seus frequentadores para poder continuar recebendo público.

Graças à ajuda de fiéis, uma das capelas, a de São José, deve ser reaberta no próximo mês. O local só pôde ser reformado após iniciativa da igreja de disponibilizar carnês, alguns a R$ 250.

Os frequentadores, porém, ajudam como podem, dando R$ 10 ou R$ 50, como conta o padre José Roberto Pereira, 38. Os nomes dos colaboradores, em reconhecimento, são colocados numa placa, em frente ao local reformado.

Voluntários já ajeitaram calhas, evitando que as salas dos fundos continuassem a ser inundadas, colaboraram com a reinstalação dos para-raios, cujos cabos haviam sido furtados, e com a descupinização do altar.

Mesmo assim, a igreja continua em estado precário.

Tomadas por infiltrações, as paredes estão descascadas. Partes dos vitrais, quebrados por ladrões em tentativas de furto, foram substituídos por vidros comuns.

Há também rachaduras no piso e buracos no teto da secretaria.

Padre José Roberto diz que mais festas, como a das Nações, foram organizadas para aumentar a arrecadação.

Segundo ele, porém, o fechamento para reforma da praça Roosevelt, atrás da igreja, fez com a região atraísse menos pessoas, prejudicando, assim, as festas.

Para ele, haverá um descompasso entre a igreja, em mau estado, e a praça, quando estiver revitalizada.

O padre diz ter pedido, sem sucesso, ajuda ao prefeito Gilberto Kassab (PSD) para trazer melhorias à igreja, já que ela é considerada ponto turístico pela SPTuris (empresa de turismo da cidade). Os pais de Kassab se casaram ali.

TOMBAMENTO

A igreja, concluída em 1909, e que abriga obras importantes, como quadros do pintor Benedito Calixto, diz ter entrado com pedido de tombamento no ano passado.

O Condephaat (órgão de patrimônio histórico do Estado) afirma que ainda não há nenhum estudo de tombamento em aberto. Outro pedido, em análise e ainda sem conclusão, foi feito em 2003, ao Conpresp (municipal).

Segundo o padre, apenas a reforma da parte artística da igreja custaria algo em torno de R$ 18 milhões.

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