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Dois lados do capanema

Celebrado pela importância arquitetônica e pela riqueza do acervo, palácio no Rio sofre com a falta de conservação

FABIO BRISOLLA
DO RIO

Cândido Portinari pintou "Escola de Canto" em uma parede do auditório do Palácio Gustavo Capanema em 1945, no Rio. Sessenta e sete anos depois, o painel com 5 m de altura e 4 m de largura apresenta várias manchas, causadas pela umidade.

A origem do problema estaria na tubulação que capta água pluvial no terraço acima do auditório e atravessa o bloco de alvenaria onde Portinari executou seu trabalho. Considerado uma joia da arquitetura moderna brasileira e repleto de obras de arte, o prédio está em processo de deterioração. Na fachada, as esquadrias de aço acabaram corroídas pela maresia. Buracos causados por ferrugem estão por toda a superfície.

Dentro, paredes descascadas por causa de infiltrações são recorrentes nas salas ocupadas por funcionários dos órgãos vinculados ao Ministério da Cultura, responsável pela administração. A falta de conservação é visível também nos jardins idealizados por Roberto Burle Marx.

Projetado por seis arquitetos, entre eles Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, com a consultoria de Le Corbusier, o prédio foi erguido para abrigar a sede do Ministério da Educação, pasta na época ocupada por Gustavo Capanema.

"É o prédio brasileiro mais importante do século 20. Por isso, vamos investir o que for necessário para recuperá-lo", afirma Luiz Fernando de Almeida, presidente do Iphan.

O orçamento de 2012 previa R$ 10 milhões para o início da reforma, que acabou adiada para o primeiro semestre do ano que vem.

O Iphan finalizou um inventário do acervo. Até setembro, o projeto da reforma deve ser concluído para dar início às licitações de praxe.

Filha de Lúcio Costa, a arquiteta Maria Elisa Costa destaca a importância do mobiliário e das peças de arte selecionadas para decorar o palácio. "Nada está ali por acaso. A escolha de cada escultura, de cada painel, dos azulejos, tudo faz parte de um conjunto como se fossem os instrumentos obedecendo à partitura musical que a arquitetura determina", diz Maria Elisa, que, é claro, lamenta o atual estado de degradação.

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