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Perito vê manutenção falha em brinquedo que matou menina

Encaixe de viga de balanço em playground de hotel estava comprometido pela ação de sol e chuva, segundo perícia

Hotel afirma que local passou por 'reforma completa' no ano passado; corpo foi enterrado em São Paulo

MARÍLIA ROCHA
ENVIADA ESPECIAL A ÁGUAS DE SÃO PEDRO (SP)

Uma perícia feita no balanço que caiu sobre uma menina de quatro anos, em um hotel de luxo em Águas de São Pedro (a 184 km de São Paulo), concluiu que o material estava deteriorado e que houve falha de manutenção.

Inês Schaller morreu após ser atingida no tórax pela viga do brinquedo e ter uma parada cardíaca provocada por perda de sangue. O acidente ocorreu por volta das 12h de anteontem. O corpo foi enterrado ontem em São Paulo.

Segundo o perito criminal Jefferson Willians de Gaspari, que analisou o brinquedo do Grande Hotel São Pedro, um hotel-escola do Senac, uma das extremidades da viga superior de madeira tinha o "encaixe comprometido por intempéries", ou seja, pela ação de sol e chuva.

Inês é filha de uma brasileira e um francês. A família mora na França, mas passava férias no Brasil.

NEGLIGÊNCIA

"Com certeza houve negligência na manutenção. Um técnico que avaliasse o material poderia notar deterioração, mas um usuário comum não teria condições de verificar o risco", disse Gaspari.

O perito afirmou ainda que, na parte externa, o material estava envernizado e aparentava boas condições.

Conforme ele, caso tivesse manutenção adequada, o equipamento conseguiria suportar peso superior ao de três adultos sentados nos balanços.

O delegado que apura o caso, Ricardo Fiore, disse que, como a perícia já foi feita e o laudo pode demorar até 30 dias, não há motivo para interditar o playground do hotel.

"A princípio, não temos como afirmar que toda a estrutura está comprometida. O local precisava ser mantido inalterado para a perícia, depois disso é liberado", disse.

MONITOR

O hotel diz que o playground passou por "reforma completa" (leia texto nesta página).

Nesta semana, a polícia deve ouvir o gerente da instituição, Felipe Riemma, 30, o encarregado de manutenção, que não teve o nome divulgado, parentes da garota e o monitor Davi Fernandes, 25.

Fernandes estava no playground no momento do acidente e é considerado, até agora, a única testemunha. Ele ainda não foi ouvido pela polícia porque, segundo o boletim de ocorrência, está em estado de choque.

A reportagem esteve na casa do monitor, mas um parente disse que ele não estava em condições de falar.

Segundo a família, ele contou que havia mais duas crianças no balanço no momento da queda e que uma babá também estava no local.

O Corpo de Bombeiros de São Pedro informou que é responsável por verificar condições de segurança do espaço -que não tem irregularidades-, mas não de brinquedos.

Já o secretário de Obras do município, Fabio Roberto Esteves, afirmou que, por se tratar de uma propriedade particular, a responsabilidade é do proprietário.

O corpo de Inês foi enterrado por volta das 17h30 de ontem no cemitério São Paulo, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.

A família não quis se manifestar e pediu que a imprensa não acompanhasse o enterro.

Colaboraram NATÁLIA CANCIAN e RICARDO BUNDUKY, de São Paulo

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