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Dificultar marcação de consulta é a maior queixa contra planos

Dados da ANS mostram que problema foi alvo de 4.359 reclamações de segurados, 23% do total registrado

Queixas contra negativa de cobertura foram de 13.370 para 29.288 de 2010 para 2011; Amil fica no topo do ranking

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

Por dois meses, a auxiliar de enfermagem Maria Helena Dias, 62, tentou marcar um nefrologista para investigar uma dor que sentia. Ligava para o convênio GreenLine, que demorou a encontrar horário com um especialista.

Logo em seguida, precisou de um geriatra e começou a mesma peregrinação.

O caso da auxiliar de enfermagem é mais comum do que se imagina. A dificuldade para marcar consulta nos convênios é a principal queixa que chega à ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) no que se refere a negativas de cobertura.

Essas queixas representam cerca de 23% (4.359) das 18.933 reclamações feitas até maio deste ano ao órgão.

O dado é de um levantamento da agência, em resposta a um pedido do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) com base na Lei de Acesso à Informação.

O estudo foi obtido com exclusividade pela Folha, que nesta semana mostrou que a superlotação em hospitais privados leva a uma espera de até cinco horas pelos atendimentos.

As dificuldades para a marcação de consulta podem ajudar a explicar esse fenômeno: o paciente não consegue agendar com um médico e tenta resolver seu problema no pronto-socorro.

Maria Helena não precisa mais do geriatra. Agora, tenta marcar um gastroenterologista e enfrenta o mesmo problema. "Trabalho em hospital público que tem atendimento melhor que o do convênio", diz ela, que paga R$ 396 (metade da mensalidade; a outra parte é paga pelo trabalho).

RECLAMAÇÕES

Segundo a ANS, a maior parte das reclamações acontece por dificuldade em marcar consultas de especialidades menos comuns, como a geriatria (mas também de cobertura obrigatória).

No entanto, há casos de pessoas que chegam ao consultório e, na hora em que apresentam a carteirinha, o plano de saúde nega.

Em alguns casos, essa negativa ocorre por erro da operadora de saúde; em outros, porque o usuário cancelou o plano, mas tentou usar ainda no período de vigência e ele já havia sido bloqueado.

Na lista de reclamações, há ainda negativa das operadoras para procedimentos como hemogramas e partos.

"O objetivo do plano é manter a saúde do consumidor. Como uma consulta ou exame de sangue podem ser negados ou dificultados?", diz Joana Cruz, advogada do Idec, responsável pelo pedido.

Negativas de cobertura e descumprimento de prazos de atendimento já renderam multas de R$ 2,6 milhões às operadoras de saúde.

NÚMEROS

Os dados mostram ainda que o número de reclamações em relação à negativa de cobertura vem crescendo: saltou 119% entre 2010 e 2011 -de 13.370 para 29.288.

Até maio deste ano, as 18.933 reclamações representam um número 41% maior do que o registrado em todo o ano de 2010.

Assim como no ranking de queixas do Procon-SP, divulgado pela Folha na semana passada, a Amil aparece no topo das reclamações à ANS.

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