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Praia suja faz turismo despencar em São Luís Na alta temporada, ocupação de hotéis passou de 75% em 2011 para 53% neste ano, segundo associação do setor Justiça obrigou Estado a instalar placas sobre poluição em abril; todas as praias estão impróprias para banho REYNALDO TUROLLO JR.DE SÃO PAULO A ocupação dos hotéis na alta temporada em São Luís (MA) -marcada pelos festejos juninos, pelo bumba meu boi e pelas férias- despencou neste ano. A culpa, diz o setor, é das praias sujas. Por ordem da Justiça Federal, o Estado teve de divulgar um relatório sobre a situação das praias e instalar, em abril, placas alertando sobre a poluição. Todas as praias da cidade estão impróprias para banho devido ao esgoto, segundo monitoramento do governo. Praias como a do Calhau, considerada uma das mais bonitas da cidade, e a da Ponta d'Areia, a mais movimentada, onde ficam os clubes de reggae, estão com o nível de coliformes fecais na água acima do considerado tolerável. TRANSPARÊNCIA Segundo a Promotoria do Meio Ambiente, a situação é conhecida pelo menos desde 1997, quando foram feitos estudos sobre a falta de tratamento de esgoto na ilha. "A população não percebia a realidade porque não havia transparência", explica o promotor Fernando Barreto. A cidade sentiu os reflexos. "O turismo e a rede hoteleira estão ameaçados. Estamos tendo que fazer cálculos mirabolantes para não demitir", diz o presidente da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) em São Luís, João Antônio Barros Filho. A taxa de lotação de hotéis e pousadas na cidade em junho e julho de 2011 foi de 75%. Neste ano, caiu para 53%. "É culpa das praias." As empresas associadas à ABIH têm 5.800 leitos, diz Barros Filho. MÁ IMPRESSÃO "No caminho do aeroporto para o hotel, o taxista me avisou de que nenhuma praia estava própria para banho", disse o turista mineiro Thiago Bernardo Pinto, 32, que visitou São Luís em junho. "Foi a primeira má impressão." Em frente à pousada de Barros Filho, um cano despeja esgoto na praia há quatro anos. O cheiro incomoda os hóspedes, que só usam a piscina. Ele diz que alertou a Caema (companhia ambiental do Estado), sem sucesso. A Caema, sociedade de economia mista gerida pelo Estado, explora os serviços de abastecimento e coleta e tratamento de esgoto na cidade. Segundo o site do órgão, apenas 38,6% dos moradores têm acesso à rede de coleta. A cidade tem pouco mais de 1 milhão de habitantes. De 1994 para cá, a Promotoria ajuizou oito ações contra o Estado e a Caema, cobrando o tratamento do esgoto. Uma delas transitou em julgado em 2005. A Justiça ordenou que o governo parasse de lançar esgoto in natura nas bacias dos três maiores rios. Como a ordem não foi cumprida, a Promotoria pediu à Justiça, em junho, que bloqueie as verbas de publicidade da Caema e do governo de Roseana Sarney (PMDB) para pagar R$ 22 milhões de multas. Segundo a Promotoria, a prefeitura também é ré em parte das ações, por fazer a concessão do esgoto à Caema sem cobrar bons resultados. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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