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Coral de Curitiba é acusado de promover trabalho infantil

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA

Um dos eventos mais famosos do Natal de Curitiba, o coral infantil do banco HSBC, é alvo de investigação do Ministério Público do Trabalho, que acusa o banco de promover o trabalho infantil.

O evento existe há 21 anos. Para a procuradora Margaret de Carvalho, as 140 crianças -que moram em abrigos e estão afastadas do convívio familiar pela Justiça- se submetem a horas exaustivas de trabalho e má alimentação.

A procuradora diz que a diretora do coral exige "perfeccionismo" das crianças e repreende publicamente quem erra. "Eles voltam exaustos", afirma Margaret.

Das 140, apenas 40 integram permanentemente o coral -que tem aulas de canto o ano inteiro, grava CD e participa de shows especiais. As outras são selecionadas em agosto e não cantam nos microfones do espetáculo.

"Se fosse uma manifestação artística, tinha que prevalecer o aspecto cultural, lúdico. Mas está prevalecendo o interesse comercial", diz.

O órgão quer que o número de apresentações no ano diminua de 12 para 2 e que os eventos ocorram mais cedo (hoje, começam às 20h30).

O HSBC já aceitou reduzir os ensaios e apresentações, mas discorda do entendimento "radical" do órgão.

"As crianças estão ali se divertindo e todas estão lá porque querem", afirma Claudia Malschitzky, diretora-executiva do Instituto HSBC Solidariedade. Ela diz que a programação é submetida à Justiça e aprovada pela Vara da Infância e Juventude.

Para a psicóloga Luciana Dutra Thomé, que participou da comissão de erradicação do trabalho infantil do Rio Grande do Sul, a atividade é saudável, mas é preciso garantir espaço para o lazer.

"O fato de as crianças afirmarem que gostam do coral não pode ser um argumento. Elas não têm discernimento."

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