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Casa de cultura deixa Seul mais perto de São Paulo

Aproximação entre as duas capitais coincide com visita do prefeito da cidade asiática, durante o mês passado

USP também criará um departamento de coreano; em 2013, alunos poderão ter habilitação na língua

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

São Paulo deve ficar, em breve, um pouco mais coreana. Duas iniciativas recentes de aproximação cultural entre os dois países coincidem com a visita do prefeito de Seul, durante o mês passado.

Prevista para este semestre, São Paulo ganhará uma casa de cultura coreana.

A USP também criará em 2013, um departamento de coreano -o que significa que alunos da graduação em letras poderão estudar a língua como habilitação, dando base a uma geração de pesquisadores e tradutores.

"Antes de vir a São Paulo, pensava que a cidade fosse distante", diz Park Won-soon, prefeito de Seul. "Mas vejo que somos próximos."

A ponderação, feita durante entrevista à Folha, não ignora que há 12 horas de fuso entre as duas cidades -e um voo que dura um dia inteiro.

A proximidade de que Park fala é a das similaridades urbanas entre essas duas megacidades, ambas resultado de um desenvolvimento rápido e pouco planejado -com desafios em transporte, energia e habitação, por exemplo.

Ele esteve no Brasil para um encontro internacional de prefeitos, em junho. Aproveitou a ocasião para discutir a cooperação entre São Paulo e Seul, com o envio de delegações entre as duas regiões.

"Cidades com milhões de habitantes enfrentam muitos desafios semelhantes", diz Park. "Seul não é uma exceção" -mas é incomum a abordagem que a prefeitura adota para essas questões.

A gestão de Park tem, por exemplo, entrado em conflito com os interesses das grandes construtoras ao limitar a altura de edifícios na cidade. As barreiras variam de acordo com a região -a estratégia é não permitir que os prédios interfiram na paisagem.

"Temos uma densidade populacional muito alta, é natural ver arranha-céus", diz. "Mas meu objetivo é que sejamos uma cidade em que a história e a modernidade convivam em harmonia."

Há 17 mil pessoas por quilômetro quadrado em Seul. Em São Paulo, 7,4 mil/km².

Eleito no fim de 2011 sem filiação a partidos, um feito histórico na Coreia do Sul, Park, ativista e advogado, é tido como um revolucionário na política no país, marcada hoje pela insatisfação popular.

Ele não comenta se tem ambições para galgar a Presidência -mas analistas notam que o atual presidente, Lee Myung-bak, foi antes prefeito da capital sul-coreana.

Outra bandeira de seu governo é reduzir a distância entre pobres e ricos -para ele, um dever municipal, além de federal. "Não apenas aumentar a renda, mas a educação", explica o prefeito. "Alguns dizem que é desperdício, mas acho que o bem-estar social está diretamente ligado à dignidade humana", afirma.

"E quanto ao seu prefeito?", questiona ao repórter.

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