Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

De volta à realidade

As aulas na maioria dos colégios particulares e estaduais voltam hoje e o trânsito da manhã na cidade pode ficar até 114% pior

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Movimento na av. Higienópolis, região central de São Paulo, na volta às aulas
Movimento na av. Higienópolis, região central de São Paulo, na volta às aulas

ANDRÉ MONTEIRO
CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Acabou a moleza. Após um mês de férias escolares, o trânsito que andava mais tranquilo volta agora à tradicional lentidão paulistana, com mais carros nas ruas.

Para o motorista que viveu o alívio de uma lentidão média de apenas 14 km no pico das 6h às 8h em julho, a virada do mês pode trazer uma piora de 114% no horário.

A Folha fez o cálculo comparando julho com o mês letivo de junho. Se agosto for na mesma linha do último mês antes das férias, os motoristas vão encarar, das 11h às 13h, piora de 48% no trânsito e, das 17h às 19h, de 19%.

Os pais contribuem com o congestionamento do entorno das escolas parando em filas duplas ou estacionando em locais proibidos -infrações que rendem R$ 127,69 e R$ 85,13 de multa.

Mas todos da cidade, com ou sem filhos, sofrem com a volta às aulas, o que ocorre hoje na maioria das escolas particulares da capital e nas 1.210 escolas estaduais. As aulas nas municipais já voltaram na semana passada.

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) lista 16 escolas e faculdades como as que causam mais impacto no trânsito, mas diz que 129, públicas e particulares, causam reflexo negativo.

Elas são alvo de operação especial, com fiscalização de estacionamentos, ajustes semafóricos e banners educativos. A companhia estima que o número de viagens na cidade aumenta em 20% com a volta das férias.

As escolas são consideradas grandes polos geradores de tráfego, pela quantidade de pessoas que agregam no mesmo espaço. Segundo levantamento feito pela Folha em maio, dos 677 empreendimentos que geram congestionamento na cidade criados desde 2005, 119 são escolas ou faculdades.

Mais da metade delas fica nas zonas oeste (30%) e sul (23%), que têm o trânsito conturbado -ou piorado após a instalação das escolas.

NÃO ABRO MÃO

E o que explica tantos pais ainda optarem por levar os filhos de carro, mesmo sabendo que vão perder tempo no trânsito do entorno?

Alguns argumentam que precisam "voar" direto para o trabalho, outros dizem que precisam do carro para carregar as mochilas pesadas dos filhos, outros não moram tão perto para ir a pé e uma boa parte diz que é uma questão de segurança.

José Antonio Panzone, 55, por exemplo, leva 30 minutos para cumprir os menos de 2 km do colégio Sion, em Higienópolis (centro), onde estuda sua filha, até sua casa. Mas não abre mão do carro porque os dois já foram alvos de tentativa de sequestro na região, em plena tarde.

A psicóloga Patricia Salama, 41, também desistiu de deixar o filho de 14 anos voltar a pé para casa, a três quadras do colégio Rio Branco, no mesmo bairro. Nas duas vezes em que deixou, ele foi assaltado.

Ela se organiza com outras mães para dar carona aos amigos dos filhos e poupar viagens. O gerente de condomínio Benedito Rodrigues, 54, faz o mesmo. "Ou venho a pé, para evitar o trânsito."

Os pais dizem que chegam a levar 40 minutos para sair do colégio para suas casas no próprio bairro.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.