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De símbolo, PM passa a suspeito de matar inocentes

Um dos policiais presos após morte de jovens passou em 1º lugar na Academia do Barro Branco e posou com secretário

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Aprovado em primeiro lugar no vestibular da Fuvest de 2007 que selecionou 150 alunos para a Academia do Barro Branco, que forma os oficiais da PM paulista, Rafael Salviano Silveira posou como herói em maio de 2008.

Tirou foto ao lado do então secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, e foi o personagem de uma reportagem no site da pasta. Também recebeu como honraria um espadim que, na filosofia da PM, representa a Justiça e o patriotismo.

Na segunda-feira, a até então exemplar carreira de Silveira na PM foi interrompida.

Ao lado de quatro PMs, o aspirante a oficial foi preso sob suspeita de matar dois jovens e simular um tiroteio.

O tecelão Cesar Dias de Oliveira e o repositor Ricardo Tavares da Silva, ambos de 20 anos, foram mortos pelos PMs na madrugada de 1º de julho no bairro do Rio Pequeno, zona oeste de São Paulo, fora da área de atuação de Silveira e dos outros quatro PMs, que são de Osasco.

Cinco testemunhas ouvidas pela Polícia Civil, a maior parte localizadas pelo pai de Oliveira, o funcionário público Daniel Eustáquio de Oliveira, 50, desmontaram a versão de que os jovens "resistiram à prisão e atiraram".

Silveira e os PMs Marcelo Oliveira de Jesus, Raphael de Arruda Bom, Cringer Ferreira Prota e Denis da Costa Martins foram ao Rio Pequeno naquela madrugada em dois carros descaracterizados. A reportagem não localizou os defensores dos PMs.

Segundo as testemunhas, os dois jovens foram baleados, cada um com um tiro, quando estavam trafegando na moto de Oliveira.

Na versão dessas testemunhas, outros PMs chegaram e mandaram Silveira e os outros "limpar" o que haviam feito. O oficial Silveira atirou para o alto e disse, pelo rádio, que estava em um tiroteio.

Os dois jovens foram para um hospital: Oliveira tinha cinco tiros; Silva, três.

A PM informou "não tolerar erros de conduta de seus policiais -sejam aspirantes, oficiais ou praças" e que o caso está em investigação.

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