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De quem é a praça?

Aposentado ergue muro no meio de área verde na Parada Inglesa, zona norte, e irrita moradores; ele diz que comprou a área em 1983

Fotos Rivaldo Gomes/Folhapress
À esq. praça já sem o muro, derrubado pela prefeitura; à dir. imagem do muro construído
À esq. praça já sem o muro, derrubado pela prefeitura; à dir. imagem do muro construído

DO “AGORA”

Foi de repente. Assim, sem avisar. Segundo vizinhos da praça Nossa Senhora dos Prazeres, na Parada Inglesa (zona norte), operários chegaram na manhã de anteontem e ergueram um muro, isolando parte do terreno.

A "intervenção" foi obra do aposentado Mauro de Oliveira, 73, que diz ser dono da área isolada pela barreira. Ele diz que tinha autorização para erguer o muro pré-moldado.

Acabou, claro, em confusão. Ontem, por volta do meio-dia, após ser avisada pelos moradores, a Subprefeitura da Santana/Tucuruvi mandou funcionários derrubar a construção.

No início da tarde, agentes da prefeitura ainda trabalhavam no local, ajeitando a grama e arrumando uma calçada que ficou danificada após o muro ser derrubado.

A dona de casa Helena Amoresano, 71 anos, mora na região há 60 anos e foi uma que não gostou do muro. "Ele já estava vindo na praça havia três semanas. Ontem [anteontem], descarregou umas placas de cimento e começou a subir o muro. A gente não podia deixar isso acontecer, porque a praça é pública."

Segundo ela, Oliveira se intitula dono da praça há quase 30 anos. "Ele já cercou essa praça umas seis vezes, já teve uma casa de dois quartos aqui também, eu não sei por que ele faz isso."

Helena conta que fiscais da Subprefeitura Santana/Tucuruvi e até PMs foram ao local na manhã de ontem. Depois, ele foi derrubado pelos funcionários municipais.

Mônica Queiroz, gerente de um bufê localizado em frente ao ponto onde o muro foi construído, diz que ficou preocupada quando se deparou com o muro.

"Não falei nada, porque não queria confusão. O muro cobriu a fachada do bufê e clientes ligaram para saber o que estava acontecendo", diz.

Com documentos em mãos, o aposentado Mauro de Oliveira, 73, garante que teve autorização da prefeitura. "Gastei R$ 6.500 e a prefeitura derrubou o muro por pressão das pessoas do bairro."

O aposentado afirma que comprou o terreno de 2.143 m² e em 1983. Segundo ele, em 2005, 1.500 m² foram desapropriados pela prefeitura.

"Até hoje não recebi minha indenização de R$ 1,5 milhão e estou brigando na Justiça."

Oliveira afirma que ainda é o proprietário de 623 m² da praça e que decidiu fazer o muro porque vai construir um estacionamento no local.

"A PRAÇA É DO POVO"

A Secretaria Municipal das Subprefeituras de São Paulo informou, por meio de nota, que a praça Nossa Senhora dos Prazeres é pública.

De acordo com a pasta, Oliveira foi orientado a "a apresentar oficialmente, na Subprefeitura [Santana/Tucuruvi], documentos que comprovem a titularidade do local".

"Fui hoje [ontem] e, quando estava lá, soube que tinham derrubado o muro."

Para quem acha que o imbróglio acabou, Oliveira garante: "Eu me senti traído e vou cobrar da prefeitura o prejuízo que tive com o material."

(PAULA FELIX)

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