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Parquinho no Sumaré resiste há 43 anos e passa de avô para neto

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

Alexandre, 7, observa com atenção um senhor cuidar das plantas e checar o funcionamento das engrenagens de um carrossel.

Aquela velha história de que o avô é a figura que faz tudo pelo neto ganha contornos especiais quando se fala de Adalberto Costa de Campos Bueno, 85, criador da "Adalbertolândia".

O parquinho que começou a ser construído pelo publicitário aposentado em junho de 1969, num terreno da família, virou uma espécie de recanto da criançada no Sumaré, zona oeste paulistana.

No que depender do menino Alexandre, o legado familiar que perdura há 43 anos seguirá por muitas gerações.

Vira e mexe, ele está lá, na cola do avô. Cuida das plantas, recolhe folhas que caem das cerejeiras e pitangueiras, e, claro, se diverte numa das trilhas do espaço de 300 m².

Na fantasia da molecada, o espaço vira palco de grandes aventuras em meio às 62 espécies de plantas e árvores. "Se tem alguém que poderá levar isso aqui adiante, é o meu netinho", diz.

Adalberto se emociona ao contar a história dos frequentadores da única "Lândia" que é de graça, como diz um dos cartazes no parquinho.

Entre eles, cinquentões que, na infância, brincaram na gangorra ou no "castelinho". Hoje, alguns deles já têm netos, que se divertem na mesma "Adalbertolândia".

"Teve uma mulher que veio aqui e disse a uma menininha: 'a vovó brincava aqui quando era pequena, mas acho que o moço que fez já deve ter morrido'", lembra.

"Cheguei na criança e disse: 'fala pra sua vovó que eu estou vivinho'. A mulher desandou a chorar, nem imaginava que eu estava ali", lembra Adalberto, que estudou Letras na Universidade de Berkeley, nos EUA.

A "Adalbertolândia" fica aberta aos sábados, domingos e feriados na rua Plínio de Morais. "É um espaço para todos, independentemente de cor, religião ou poder aquisitivo", diz.

Ao lado do balanço, um recado ilustra bem isso: "Só para pessoas de até 100 anos".

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