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Metanfetamina é vendida como ecstasy

Substância está presente em 22% das drogas sintéticas avaliadas; ao contrário do ecstasy, ela causa dependência

Ambas atuam no sistema nervoso central; efeitos são parecidos com os gerados pela cocaína

DE SÃO PAULO

Um dos dados que mais chamou a atenção dos pesquisadores de São Paulo foi a constatação de que 22% das drogas sintéticas avaliadas consistiam em metanfetamina sendo vendida como se fosse ecstasy.

Até dois anos atrás, não se tinha notícia desse tipo de droga no Brasil.

Ao contrário do ecstasy, a metanfetamina causa dependência. É uma droga da mesma classe que a anfetamina, mas muito mais potente e com efeito prolongado.

Ambas atuam no sistema nervoso central, principalmente na neurotransmissão modulada pela dopamina e noradrenalina. Os efeitos são muito parecidos com os produzidos pela cocaína, e incluem aumento da ansiedade, agitação e vigília, insônia e agressividade.

Embora o núcleo base do ecstasy seja o mesmo da anfetamina, ele possui grupos químicos diferentes, proporcionando maior atuação sobre outro neurotransmissor, a serotonina. Daí a sensação de prazer, sociabilidade e aumento da energia física e autoconfiança.

Nos Estados Unidos, a metanfetamina se tornou um problema de saúde pública. Mais de 12 milhões de pessoas já experimentaram e 1,5 milhão usa regularmente. A metanfetamina também proporciona uma diminuição do senso crítico, que pode acabar se refletindo na escolha de parceiros e no descarte do uso de preservativo.

Nos Estados Unidos não há comprimidos. A apresentação mais comum da droga é em forma de cristais (semelhantes a cristais de gelo). Também pode ser inalada ou injetada.

DIRETO DA EUROPA

De acordo com Clemente Castilhone Junior, delegado da unidade de inteligência policial do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), os comprimidos de ecstasy são sempre utilizados nas baladas. Custam de R$ 20 a R$ 50.

A maior parte chega da Europa Oriental e Holanda por avião, por meio de "mulas humanas". "Com a globalização, hoje tudo chega mais rápido ao Brasil, inclusive as novas drogas", diz.

José Luiz da Costa aponta outra tendência de consumo na noite. "Recebemos também vários comprimidos de sildenafil (Viagra) que são contrabandeados do Paraguai e vendidos clandestinamente em São Paulo."

Ele destaca o uso do estudo como ferramenta para investigação e rastreamento da droga. O objetivo é criar um banco de dados de drogas sintéticas.

(MORRIS KACHANI)

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