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Análise

Mesmo com dados, campanhas e leis, o problema continua

ALBERTO SETZER
ESPECIAL PARA A FOLHA

As queimadas e incêndios na região do Pantanal ocorrem todos os anos e, em quase sua totalidade, são iniciados pela ação humana -intencionalmente ou por descuido.

Dois aspectos favorecem a propagação: uma estiagem mais intensa do que o normal e o acúmulo de massa vegetal do ano passado, que foi mais chuvoso do que a média.

Por enquanto, a quantidade de focos identificados por satélites é semelhante às de 2009 e de 2005, as piores da última década para o Pantanal -esses anos, aliás, também foram muito secos. Porém, uma alta de cerca de 500%, como ocorre agora, é algo preocupante.

E o cenário pode piorar: se forem levados em consideração os registros passados, o maior número de casos ainda está para ocorrer -a estiagem pode ir até o fim do ano. Com isso, 2012 pode ser recordista neste impacto ambiental.

Outro aspecto grave é que as áreas de preservação são afetadas. Ou seja, as chamas chegam a unidades de conservação e terras indígenas, áreas que o país decidiu proteger.

Na maioria dos casos, o uso do fogo é desnecessário e condenável do ponto de vista ambiental e legal, com graves efeitos na saúde humana, destruição da fauna e flora, perdas materiais, empobrecimento do solo e até mesmo alterando a atmosfera.

Os dados de satélite fornecem em tempo quase real a localização da maioria das queimadas e incêndios, e a informação está disponível na internet a todos. Além disso, as campanhas educativas estão cada vez mais elaboradas, e a legislação é clara.

Mesmo assim, ainda não foi encontrado um modo real de enfrentar o problema. A questão, infelizmente, continua: como minimizar esse descalabro?

ALBERTO SETZER é responsável pelo núcleo de monitoramento de queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)

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