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Só mudou o chope

Bar Leo, no centro de São Paulo, reabre e mantém decoração, cardápio, funcionários e fregueses e estica horário de funcionamento até as 23h

Zé Carlos Barretta/Folhapress
Luís de Oliveira, 91, que trabalha no Bar Leo há 50 anos e é o funcionário mais antigo do local reaberto ontem
Luís de Oliveira, 91, que trabalha no Bar Leo há 50 anos e é o funcionário mais antigo do local reaberto ontem

LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO

Com o clima boêmio que carrega desde sua inauguração, em 1940, o Bar Leo reabriu ontem às 11h, no centro de São Paulo.

A volta do tradicional boteco acontece cerca de quatro meses depois de ser lacrado pela Vigilância Sanitária por suspeita de vender chope Ashby, de menor preço, como se fosse Brahma.

O bar, que já recebeu personalidades como o ex-presidente Jânio Quadros (1917-1992) e o sambista Orlando Silva (1915-1978), tenta agora reerguer sua credibilidade, mas com cuidado.

Com experiência em casas como o Bar Brahma, a empresa Fábrica de Bares assumiu a gestão e promoveu apenas mudanças pontuais. Ali estão os mesmos vitrais coloridos, as mesmas canecas de chope penduradas, a mesma decoração que remete aos estabelecimentos alemães.

Atrás do balcão, onde continuam à mostra ingredientes dos canapés de carne crua, rosbife e linguiça, reaparecem alguns funcionários da velha guarda.

Quem está no comando da chopeira, inclusive, é o mesmo Fernando Lopes, 49, na missão há 24 anos. "Essa chopeira está aqui há 40 anos", diz, enquanto enche copo seguido de copo.

Os clientes das antigas também voltaram. "Frequento esse bar há 45 anos e pedi o mesmo eisbein [joelho de porco] que comia há 40 anos, igualzinho", disse o vidraceiro Otávio Guedes da Cunha, 61, ao cruzar os talheres sobre o prato.

No cardápio, também foram mantidas as receitas tradicionais do boteco, como os bolinhos de bacalhau.

Entre as poucas alterações, o bar estendeu seu horário de funcionamento.

Antes, fechava às 20h; agora não cerra as portas antes das 23h. E o chope é novamente Brahma, a R$ 6,50.

Ontem, trabalhadores das redondezas ocupavam a calçada, em pé, tomando a bebida que fez a fama do bar.

COLARINHO

A Folha levou o especialista Rodrigo Louro, 34, sommelier de cervejas e sócio da empresa Sinnatrah, que dá cursos de degustação e fabricação artesanal da bebida, para provar o chope que consagrou aquele ponto no número 100 da rua Aurora.

"É um chope Brahma", diz. "Refrescante, na temperatura correta e tem um amarguinho característico da marca."

Chamou a atenção para o colarinho persistente, de consistência cremosa, e para a higienização cuidadosa dos copos.

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