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O fim do Playcenter de adulto

Kilt, boate que apresentava show erótico em São Paulo, será demolida

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Todos que frequentaram a casa noturna Kilt, na região da rua Augusta, centro de São Paulo, têm guardada na memória a célebre imagem de uma mulher jovem e bonita, seminua, balançando suavemente sobre o bar.

A balança, pendurada no teto, desde anteontem não serve mais ao exibicionismo.

Para dar lugar à entrada do futuro estacionamento sob a praça Roosevelt, o prédio alugado acabou declarado como de utilidade pública.

Ele será demolido pela prefeitura. No local, haverá uma rotatória para carros.

A Kilt surgiu em 1971. E anos depois passou a fazer parte da fantasia dos homens. A idealizadora da casa é a empresária Tânia Maciel, que comandou pessoalmente o local por mais de 30 anos.

Boa parte do faturamento vinha do consumo de álcool. Algumas contas rondava os R$ 3 mil só em champanhe.

Clientes assíduos da boate por pelo menos duas décadas, que preferiram o anonimato, dizem que o auge da casa ocorreu nos anos 1990. Depois disso, segundo eles, as mulheres que se apresentavam lá não eram mais tão bonitas.

Uma das inovações do local, frequentado por artistas internacionais quando passavam pela capital, como Bob Dylan, além de turistas, eram os shows de sexo explícito.

Em uma época em que o máximo que se via em outros locais similares era o striptease lento, sensual e romântico, a Kilt inovou.

A ação, em intervalos regulares, ocorria no pequeno palco que ficava colado às mesas onde os clientes e as profissionais da casa se conheciam. E, claro, muitas vezes armavam o programa para depois.

De acordo com Tânia, nome de batismo de Geraci Batista Maciel, a mudança ocorreu porque todos queriam uma excitação mais rápida. O que o striptease não dava.

O bar com a famosa balança, o pequeno palco de shows eróticos e as mesas sempre estiveram no local.

Mas quem conhece bem a casa não se esquece de uma mudança. Antes dos anos 2000, também havia a discreta e famosa escada que levava os casais ao piso superior, onde havia pequenos quartos.

Mas esse espaço mudou, diz um frequentador do local. Muito por causa da pressão da polícia. E passou a ser ocupado por mesas de bilhar. A esticada, então, passou a ocorrer nos hotéis baratos da região da Augusta.

Tânia sempre repetiu a história que explica o motivo do castelo e do nome Kilt. A decoração medieval surgiu em uma viagem à Europa, quando ela viu o castelo da rainha Mary Stuart (1542-1587).

O nome Kilt também vem da Escócia. E faz alusão às saias usadas pelos homens.

Por causa de suas peculiaridades, muitas pessoas visitavam a boate por curiosidade. Nos últimos anos, entrar no Kilt custava R$ 50.

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