Aos 58 anos, Ibirapuera espera por marquise

O parque Ibirapuera completou nesta semana 58 anos com um dos principais pontos de encontro de seus frequentadores fechado.

Após mais de dois anos de uma reforma que teve o prazo de entrega adiado por duas vezes, a marquise continua em obras, envolta em tapumes e coberta por poeira.

A estrutura tombada, de 26 mil m², projetada por Oscar Niemeyer, passa por reparos desde abril de 2010.

O contrato, de R$ 10,7 milhões, previa que a reforma terminasse em janeiro deste ano. Depois, o prazo foi adiado para junho. Agora, a nova previsão é 8 de outubro -o custo final também ficou maior: R$ 14 milhões.

A parte mais demorada do trabalho foi a impermeabilização da estrutura. Também já foram feitos reparos elétricos e estruturais. O trecho que vai do restaurante até o Museu Afro Brasil já está praticamente pronto. Mas há outros trechos com buracos e rachaduras que parecem longe de uma solução.

CADÊ NOSSA MARQUISE?

Quem mais lamenta a demora são os skatistas e patinadores, que sempre se reuniram sob a marquise, aproveitando o piso escorregadio.

Na tarde de sexta, a Folha encontrou o instrutor de patins Robson Andrade Silva, 40, dando aulas a quatro alunas espremido na pequena área de 30 m² que sobrou para os usuários, perto do MAM (Museu de Arte Moderna).

"A marquise é ponto de encontro desde os anos 70 e é considerada um ponto de referência mundial entre patinadores", diz ele.

Frequentador do espaço há nove anos, "Corvo", como é conhecido, lançou na internet a campanha "Cadê Nossa Marquise?", que fez com que muitos cobrassem a RR Compacta, que faz a reforma.

Outro que critica a demora da reforma é o vendedor autônomo José dos Santos, 70, que trabalha sob a marquise há 16 anos e diz que perdeu 50% de suas vendas com a queda do movimento.

É consenso para todos os frequentadores ouvidos, no entanto, que a marquise precisava dos reparos. Desde a inauguração do parque, em 1954, ela nunca havia passado por reformas estruturais e era comum ter infiltrações.

Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, a demora se deu porque é uma "reforma de grande porte" e problemas identificados durante a obra precisaram ser atendidos "e eventualmente reavaliados". A pasta não especificou quais problemas.

Sobre o aumento do valor, disse que é previsto na lei e que se deveu a "demandas normais que ocorrem em intervenções desse tipo".