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Análise Greve dos servidores federais

31/8 passou a ser data-base do serviço público

Governo perdeu ao não notar progressão da greve em diferentes setores, considerando a movimentação 'isolada'

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O principal resultado das greves de servidores públicos é que o governo Dilma Rousseff perdeu e os movimentos organizados venceram a primeira de uma série de quedas de braço que vêm por aí nos próximos anos.

O governo demorou a perceber que a greve estava contagiando os mais diferentes setores, até a nata do funcionalismo, como policiais federais, agentes de inteligência e da Receita, os quadros das agências reguladoras.

Dilma e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, argumentaram no início com a crise internacional e jogaram duro, para não estimular os líderes. Consideraram que eram movimentos isolados, que jogariam a toalha "pelo cansaço". Erraram.

Apesar de ceder o mínimo possível -15,8% em três anos, com exceção dos professores universitários- o governo teve de dar algo. E, provavelmente, vai ter de recuar também na ameaça de cortar o ponto dos milhares de grevistas (para o governo, 70 mil; para os representantes das categorias, 350 mil).

Pela primeira vez, em muitos anos, o movimento é tão organizado. Conversa e articula entre si e vem para ficar -2012 é só o começo.

MOTIVAÇÃO

Na avaliação do governo, a articulação nacional tem um motivo claro: com a conclusão da proposta orçamentária de 2013 no dia 31 de agosto, essa passou a ser a "data-base" do serviço público.

No setor privado, metalúrgicos, bancários, carteiros e demais categorias têm suas próprias datas-bases e, portanto, períodos pulverizados de pressão. Já os funcionários públicos têm agora uma mesma época para greves, manifestações de rua e tumultos em fronteiras, portos e aeroportos, por exemplo.

Há, também, uma discreta movimentação no sindicalismo: apesar da força tradicional da CUT e do PT, os partidos mais à esquerda e ainda praticamente desconhecidos vêm ganhando espaço no serviço público: o PSTU e o PCO.

É exatamente para não provocá-los com vara curta que ela esconde a sete chaves o índice de aumento dos militares, até o final da rodada de negociações com os civis.

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